Esta semana, o Congresso aprovou a poucas horas do fim do prazo de validade a Medida Provisória que reestrutura os ministérios. A votação na Câmara dos Deputados ocorreu depois de muita negociação e envolveu pessoalmente o presidente Lula. No dia anterior, o governo havia sido derrotado com a aprovação do Marco Temporal. Também essa semana o presidente indicou o advogado Cristiano Zanin para ocupar a vaga de Ricardo Lewandowski no Supremo Tribunal Federal. Zanin ainda vai passar por sabatina no Senado. Em Minas, o governador Romeu Zema enviou à Assembleia o pedido de desarquivamento da adesão ao Acordo de Recuperação Fiscal. Um dos líderes da base, deputado Cássio Soares (PSD) disse que ainda é cedo para saber se há clima para aprovação da matéria na Casa. A Resenha do Mundo Político traz os principais fatos da semana com Vivian Menezes, Marco Antonio Soalheiro e Heitor Peixoto.

O governador Romeu Zema enviou a Assembleia um pedido de desarquivamento do projeto de adesão ao acordo do Regime de Recuperação Fiscal. Em entrevista a Marco Antônio Soalheiro, no Mundo Político, o líder do Bloco Minas em Frente, deputado Cássio Soares diz que ainda não sabe se há clima na Casa para aprovação da matéria, mas que certamente deve ocorrer muita negociação em torno do assunto. Ele lembrou que há prazos a serem cumpridos para o acordo com o governo federal e que o Estado pode ter que pagar atrasados da dívida a qualquer momento, caso caia a liminar em vigor desde 2018. O deputado comentou o destravamento da pauta, os vetos mantidos e os derrubados e as repetidas declarações do governador Zema sobre a intenção de privatizar a Codemig, a Copasa e a Cemig. Como presidente do PSD em Minas, Cássio Soares falou sobre as metas da legenda para as eleições municipais no Estado e, em particular, em Belo Horizonte.

O arcabouço fiscal tem o mérito de ser um regra para a condução da política fiscal que pretende o controle dos gastos e receitas, mas o texto que está no Congresso só aumentará despesas e o endividamento do país. A opinião é do professor da USP Simão Davi Silber, presidente do Conselho curador da Fipe, a Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas em entrevista a Marco Antonio Soalheiro, no Mundo Político. O professor avalia que a única forma de enfrentar o problema fiscal é realizar um conjunto de reformas e abrir a economia. Simão Silber é pessimista também em relação a uma reforma tributária. Ele argumenta que há quase 40 anos o Brasil cresce cerca de 1% ao ano e são muitos os entes federados- União, Estados e Municípios- e todos desejam ampliar o bolo fiscal. O professor também afirma que o governo Bolsonaro deixou uma herança maldita e Lula chegou mais fraco à presidência, o que dificulta a evolução da reforma.

O mais recente ataque racista ao jogador Vini Jr. na Espanha e as reações do próprio atleta, do governo Lula, seguidos da CBF e de clubes brasileiros e estrangeiros repercutiram pelo mundo, para além do futebol. O governo espanhol se manifestou e por lá, agora há uma discussão sobre legislação antirracismo. Em entrevista a Marco Antonio Soalheiro, no Mundo Político, o diretor executivo do Observatório da Discriminação Racial no Futebol, Marcelo Carvalho, diz que o que aconteceu com Vini Jr. é só a ponta do iceberg no ambiente do esporte mundo afora. É a face mais visível do racismo porque o atleta tem reagido sistematicamente aos insultos e bate de frente com aqueles que o discriminam. Para o diretor do ODRF, a atitude de Vini inspira pessoas negras mas, em especial, outros jogadores que são vítimas do silenciamento. Marcelo Carvalho comenta o trabalho de um grupo interministerial do governo Lula para o enfrentamento do racismo com foco no futebol, a necessidade de aprimoramento da legislação, a abertura de espaço no comando dos clubes e também das instâncias da justiça desportiva.

As incertezas que nos impactam na vida pessoal são infinitamente maiores do que aquelas do mundo dos algorítimos. A máquina sabe muito sobre nós. As plataformas têm um grande volume de informações sobre cada indivíduo e nós não sabemos nada sobre ela. Com essa abordagem, o jornalista Eugênio Bucci, professor da ECA-USP, autor do livro Incerteza, um ensaio - Como pensamos a ideia que nos desorienta (e orienta o mundo digital) abriu a entrevista a Marco Antônio Soalheiro no Mundo Político. Bucci lembrou que hoje as big techs somam um faturamento anual de 3 trilhões de dólares que representam duas vezes o PIB brasileiro. Dado que por si só dá a dimensão do poder do capital digital e do potencial de controle sobre países e populações. O professor destaca que na China há uma sobreposição de poder do governo e, em outros países, há uma tensão permanente entre o Estado e os conglomerados. Bucci avalia mecanismos de controle que começam a evoluir na Europa e Austrália e do projeto de regulação das plataformas que está parado na Câmara dos deputados após disputas internas e forte pressão do Google e do Telegram. E vaticina que a única saída para o enfrentamento do poder das plataformas é a regulação e se a Democracia não controlar esse poder, será controlada por ele.