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  • A transição verde da China: De maior poluidor a líder da economia do futuro
     Vamo-nos projectar para 2060. Esta é a data limite em que a China afirmou querer atingir a neutralidade carbono. Luis Mah, professor desenvolvimento global no Instituto Universitário de Lisboa, analisa connosco esta viragem do maior poluidor mundial, responsável por 80% do aumento global das emissões de gases com efeito de estufa nos últimos 10 anos. A China tem vindo a posicionar-se como líder da transição energética global, apesar de continuar dependente do carvão. Para Luis Mah, professor de desenvolvimento global no Instituto Universitário de Lisboa, “a China está a descarbonizar não só por questões ambientais, mas também por ambições geo-económicas”. De facto, ao investir em tecnologias verdes, como a energia solar e eólica, pretende exportá-las para o Sul Global. “A China já vende mais tecnologia verde ao Sul Global do que ao Norte mais rico”, afirma o professor, destacando o seu papel crescente em África. Embora continue a construir centrais a carvão : “Estamos talvez a assistir ao pico do consumo de carvão, um passo essencial para a transição”. No plano internacional, o afastamento dos Estados Unidos sob a presidência de Trump oferece uma oportunidade: “Pequim vê aqui uma janela para se afirmar como líder climático mundial”, defende o universitário.
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  • Nova pista científica abre caminho a diagnósticos mais precoces do Alzheimer
    A doença de Alzheimer continua a ser um dos grandes enigmas da medicina. Em Portugal, é já a patologia neurodegenerativa mais prevalente, impondo um encargo a famílias e ao Serviço Nacional de Saúde. Num avanço promissor, Tiago Gil Oliveira venceu o Prémio Bial de Medicina Clínica ao demonstrar que diferentes regiões cerebrais reagem de forma distinta às proteínas tóxicas do Alzheimer. A descoberta abre caminho a diagnósticos precoces e terapias mais eficazes. O médico e investigador português, Tiago Gil Oliveira, de 40 anos, acaba de vencer o Prémio Bial de Medicina Clínica com uma descoberta que pode mudar o rumo da investigação. A sua equipa demonstrou que diferentes regiões do cérebro não reagem da mesma forma às proteínas tóxicas associadas ao Alzheimer. Uma nova pista que pode abrir caminho para diagnósticos mais precoces e terapias mais eficazes. “O primeiro passo é compreender melhor a doença. Saber quais são as vias moleculares, os genes, as regiões cerebrais atingidas e como cada uma reage a estas alterações patológicas. É um trabalho de detalhe. Só assim poderemos avançar para tratamentos mais certeiros”, começa por explicar. Formado no Hospital de São João e investigador na Universidade do Minho, Tiago Gil Oliveira tem percorrido os dois mundos em simultâneo: o da clínica e o da investigação. Essa duplicidade não é acessória, é central. “Ver os doentes todos os dias gera em mim um sentimento de urgência. Não podemos perder tempo. E, ao mesmo tempo, mostra-me a enorme diversidade da doença. Um doente com Alzheimer não tem só Alzheimer. Muitas vezes carrega outras patologias, que influenciam a evolução clínica. Essa observação clínica inspirou parte da minha investigação”, partilha. Não é de hoje que o investigador persegue estas pistas. Aos 26 anos, liderava projectos inovadores sobre os lípidos do cérebro e o seu papel na memória e no envelhecimento. Hoje, com uma equipa de vinte pessoas no Instituto de Investigação em Ciências da Vida e da Saúde, insiste em olhar o Alzheimer por dentro. Nos últimos anos, alguns países aprovaram medicamentos capazes de remover as placas de amiloide, as fibrilas que se acumulam no cérebro e que marcam a doença. Se chegarem a Portugal, diz Tiago Gil Oliveira, o impacto será profundo: “Vai ser uma revolução. Até agora não havia terapêuticas que alterassem a evolução da doença. Mas nem todos os doentes vão ser elegíveis. Haverá um processo de selecção rigorosa para perceber quem beneficia mais e quem tem menos risco de efeitos adversos. Isso vai exigir uma reorganização profunda do SNS. É um desafio imenso”. Além da reorganização, haverá também um novo paradigma de acompanhamento. O doente deixará de ser visto apenas como portador de uma doença única, e passará a ser avaliado em toda a sua complexidade, “tal como na hipertensão, o futuro passará por terapias combinadas, adaptadas a cada pessoa, onde entram dieta, lípidos cerebrais e outras estratégias. Só assim chegaremos a uma medicina de precisão” acrescenta. A investigação internacional traz, de tempos a tempos, surpresas que desafiam as investigações em curso. Recentemente, investigadores de Harvard mostraram que uma deficiência de lítio pode estar na origem de maior vulnerabilidade ao Alzheimer. “Foi um avanço notável. Percebeu-se que a deficiência de lítio aumentava a toxicidade cerebral e diminuía a capacidade de remover as placas. Mas também que a reposição com um tipo específico de lítio conseguia proteger o cérebro. Não o lítio usado como estabilizador do humor, mas uma forma especial. Isso abre novas possibilidades não só para a doença, mas também para alterações associadas ao envelhecimento. Agora é preciso tempo: anos de ensaios clínicos para sabermos se a hipótese se confirma”, sublinha. Entre promessas e prudência, o investigador lembra o essencial: a ciência não avança por saltos milagrosos, mas por passos sucessivos. Cada pista abre um caminho que leva a outro, até que, um dia, se chegue a uma resposta sólida. No laboratório de Braga, a equipa de Tiago Gil Oliveira aposta num terreno menos explorado: os lípidos cerebrais: “Sabemos que variantes genéticas associadas ao Alzheimer afectam genes ligados à sinalização lipídica do cérebro. E os lípidos são constituintes essenciais do tecido cerebral. Se conseguirmos manipular a sua composição no sentido certo, talvez possamos proteger os neurónios ou torná-los mais resistentes à toxicidade das placas”. E a equipa já testou isso em modelos animais, “Se manipularmos a composição lipídica, podemos tornar as células mais eficientes na remoção das placas ou mais resistentes ao seu impacto. Esse é um dos nossos focos actuais”. No fundo, o percurso de Tiago Gil Oliveira é atravessado por um fio que liga o microscópio ao olhar do médico junto do doente. É essa ponte que lhe dá a energia para prosseguir. “Estar no hospital dá-me a medida da urgência. No laboratório, tento transformar essa urgência em hipóteses de trabalho", compara. No silêncio da investigação, entre os ratos de laboratório e microscópios, o que está em jogo é sempre a mesma coisa: um futuro em que a memória não se apague depressa. “O nosso objectivo é simples na formulação, mas imenso na ambição: travar a progressão do Alzheimer. Não sabemos quando conseguiremos lá chegar. Mas sabemos que cada passo é necessário”, concluiu.
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  • África enfrenta chuvas extremas, Sofala reforça preparação contra cheias
    As chuvas extremas continuam a assolar o continente africano. No Sudão, um deslizamento em Darfur matou mais de 1.000 pessoas no final do mês de Agosto, expondo inúmeras fragilidades. Em Sofala, as autoridades moçambicanas reforçam medidas de prevenção e reassentamento antes da época chuvosa. O delegado do INGD em Sofala, Aristides Armando, sublinha que a prevenção e cooperação internacional são cruciais perante os riscos e alterações climáticas. As chuvas extremas continuam a marcar o continente africano. No Sudão, um deslizamento provocado por precipitações torrenciais arrasou a aldeia de Tarazã, em Darfur, e fez mais de mil mortos no final do mês de Agosto. A tragédia expôs a vulnerabilidade de comunidades inteiras perante as mudanças climáticas e a fragilidade das instituições. Em Moçambique, na província de Sofala, o cenário é diferente. As autoridades locais e os parceiros humanitários intensificam medidas de prevenção, reforço de infra-estruturas e realojamento de populações, preparando-se para a época chuvosa de 2025/26. O delegado do Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastre em Sofala, Aristides Armando, sublinha que a província já está pronta. “Estamos numa fase inicial da próxima época chuvosa e temos uma série de acções em curso”, afirmou. “Participamos na conferência de prontidão urbana para garantir que a cidade da Beira, sendo uma das mais vulneráveis, possa reforçar a sua resiliência e capacidade de resposta face aos impactos”. O responsável explica, ainda, que as acções não se limitam ao perímetro urbano. “Estamos a realizar simulações em distritos como Nhamatanda, Gorongosa e Marromeu e a reforçar os comités locais de gestão de risco. No total, já contamos com 258 comités comunitários e 30 comités escolares”, detalhou, acrescentando que “o envolvimento das crianças e da juventude é fundamental, porque são elas que podem garantir a resposta imediata em caso de desastre”. Entre as medidas em curso está também o reassentamento de famílias que vivem em zonas de risco. No entanto, “o maior desafio continua a ser orçamental, porque precisamos de mais recursos para reforçar tanto a prevenção como a mitigação”. Questionado sobre as lições a tirar da tragédia no Sudão, Aristides Armando recorda a experiência amarga de Sofala com o ciclone Idai, em 2019. “Ainda temos na memória o impacto devastador do Idai”, afirmou. “O que aconteceu em Darfur lembra-nos que não podemos baixar a guarda. No início do mês de Setembro, o Presidente da República entregou mais de 800 casas resilientes em bairros de reassentamento, o que mostra que estamos a avançar numa estratégia de longo prazo”. Para o delegado, a aposta em tecnologia é decisiva: “Hoje temos o radar meteorológico da Beira, inaugurado há um ano, que já nos permite análises mais rápidas”, disse. “Reduzimos o tempo de aviso prévio de quatro dias para poucas horas, o que aumenta a capacidade de salvar vidas”. Além disso, “os drones ajudam-nos a mapear zonas críticas e recolher informação em tempo real, facilitando o processo de resposta e prevenção”. A cooperação internacional também merece destaque. “Trabalhamos com a UNICEF, com a Fundação SIMA e com várias organizações não-governamentais para garantir que as comunidades tenham informação atempada e consigam actuar rapidamente”, frisando que “as parcerias têm sido fundamentais para criar uma cultura de prevenção”. Porém, o delegado adverte que o contexto climático exige vigilância constante. “Na época passada tivemos, no mesmo distrito, situações de seca e a passagem do ciclone Jude”, recordou. “É a prova de que enfrentamos riscos múltiplos e que temos de reforçar a capacidade de resposta em todas as frentes". Aristides Armando conclui com um alerta: “Os fenómenos extremos vão continuar a surpreender-nos. Mas quanto mais cedo prepararmos as nossas comunidades, menor será o impacto humano e social. A prevenção é hoje a nossa maior arma contra as alterações climáticas”.
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  • "Não existe na Guiné-Bissau nenhuma organização que lida com segurança digital"
    Neste magazine 'Ciência', abordamos os desafios colocados pelo uso das tecnologias informáticas e pela internet na Guiné-Bissau com um jovem engenheiro, Jeremias Nicolau Fernandes, que acaba de lançar em Agosto, juntamente com uma equipa de informáticos, a ONG 'Jovens Embaixadores da Segurança Digital'. Esta iniciativa educativa e comunitária sem fins lucrativos tem por intuito promover o uso ético da internet e habilitar os jovens face a práticas como o ódio em linha, fraudes como o 'phishing' ou ainda as 'fake news', numa altura em que segundo dados da ONU, quase 60% dos utentes da internet, a nível mundial, estão preocupados com a questão da desinformação. Apaixonado pela informática, Jeremias Nicolau Fernandes cedo se apercebeu que existe ainda alguma reticência geral em usar os meios informáticos nomeadamente para guardar e classificar dados. Ele também refere ter percebido as vantagens que a internet oferece, mas igualmente os perigos a que podem ficar expostos os seus utentes. "As pessoas não estão a usar esse sistema, principalmente o governo. As pessoas têm medo de ser controladas pelo sistema. Há muitas coisas que devem ser informatizadas, que não estão a ser informatizadas, porque as pessoas têm medo de usar internet. Nesse momento, a Guiné-Bissau devia estar noutro nível, porque até agora, a maioria das instituições da Guiné-Bissau não têm banco de dados, não tem um sistema para guardar dados", começa por referir o engenheiro informático. "Tive o privilégio de estudar e lidar com um computador muito cedo, desde 2010. E aí eu fiquei apaixonado. Eu fiz informática básica, depois intermédia. Isso me levou a fazer engenharia informática. E quanto a essa associação, eu estava fazendo pesquisa sobre um outro assunto e deparei-me com esse problema de que não existe nenhuma organização aqui em Guiné-Bissau que lida com esse assunto de segurança digital. É um problema muito sério, mas nos outros países já se trata isso como se fosse um tipo de droga. Aí pensei com a situação que estamos a passar aqui em Guiné-Bissau, vi que é necessário criar essa ONG para sensibilizar, conscientizar a sociedade, dar formação sobre o uso da internet, porque as pessoas são analfabetas sobre o assunto digital. Mesmo as pessoas que se formaram e se tornaram hoje doutores, são analfabetos em assuntos digitais. Não têm noção de que estão a fazer na internet", constata o líder associativo. "A internet hoje está a propagar o discurso de ódio, 'cyberbullying' e está a acontecer neste momento o 'phishing'. As pessoas que estão por trás criam uma conta falsa para atrair outras pessoas. Isso está a afectar as pessoas aqui em Guiné-Bissau, porque há muito desemprego. As pessoas criam uma conta ou um 'site' falso. Eles postam esse anúncio para atrair as pessoas, enquanto têm uma outra intenção", refere Jeremias Nicolau Fernandes. É neste contexto que surge a ideia de criar a ONG 'Jovens Embaixadores da Segurança Digital', o engenheiro informático referindo ter uma equipa à volta dele, com o projecto de trabalhar em todo o país e "não exclusivamente em Bissau". Apesar de não beneficiar ainda de apoios, por "estar ainda a criar esse movimento", o coordenador desta associação que pretende, para já, dar formações de dois dias por cada grupo, mostra-se convicto de que "esse projecto será uma ponte". "Vamos começar com a formação de jovens como multiplicadores, porque vamos formar esses jovens líderes que vão poder multiplicar para formar outros jovens também nas comunidades. Logo, vamos começar com pequenos grupos de jovens nas comunidades, dar uma formação, pode ser também em escolas", refere ainda o engenheiro informático ao indicar estar em contacto com o Ministério da Educação neste âmbito. "O meu sonho é de de formar, de mudar a sociedade, porque esse é o objectivo, de fazer com que as pessoas entendam realmente o que é a internet. Espero que isso mais tarde, possa impactar a sociedade, possa educar, porque é um assunto muito importante", remata Jeremias Nicolau Fernandes.
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  • CanSat: transformar uma lata de refrigerante num satélite
    O desafio parece simples: construir um satélite do tamanho de uma lata de refrigerante. Mas, na prática, trata-se de um exercício exigente de engenharia, programação, aerodinâmica e trabalho de equipa. O CanSat, promovido em Portugal pela Ciência Viva em parceria com a Agência Espacial Europeia (ESA), já vai na 12.ª edição e continua a conquistar alunos e professores de todo o país. Cada equipa deve integrar num pequeno recipiente todos os componentes básicos de um satélite: sistema de energia, antenas, comunicações e sensores. O objectivo é lançar o dispositivo a mil metros de altitude, através de um foguete, e recolher dados durante a descida controlada por pára-quedas.  “É uma competição muito rica, porque obriga os alunos a lidar com várias áreas da engenharia e, ao mesmo tempo, a aprender a trabalhar em equipa”, explicou, ao microfone da RFI, Ana Noronha, directora executiva da Ciência Viva e coordenadora do programa eZero Portugal. Todas as escolas podem candidatar-se, mas o número de equipas é limitado. As escolhidas recebem acompanhamento de um júri que, além de avaliar, apoia os alunos na resolução de problemas técnicos. Antes do lançamento oficial, há voos de teste para assegurar que os satélites resistem à aceleração do foguete e que o pára-quedas funciona correctamente. Só os projectos estruturalmente sólidos avançam para a fase final. Depois do voo, as equipas têm de analisar os dados e fazer uma apresentação em inglês perante o júri. “Queremos que os alunos sejam capazes de comunicar o seu trabalho num contexto internacional, como terão de fazer no futuro”, sublinha Ana Noronha. Apesar do espírito competitivo, o ambiente é de partilha: “Eles estão todos a competir, mas entreajudam-se. Se há uma peça que queima, há logo outra equipa que empresta, que tem uma suplente ou que empresta a antena, o que é muito interessante observar”, nota a responsável. Mais do que uma competição de engenharia, desvcreve o CanSat como uma experiência inesquecível, onde os participantes aprendem competências que levarão consigo para a vida.
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Uma vez por semana, os temas que marcam a actualidade científica são aqui descodificados.
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