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Radar econômico

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Entrevistas com economistas, analistas de mercado, investidores e políticos, para explicar e comentar questões econômicas internacionais. O papel do Brasil e do...

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  • Guerra tarifária de Trump fortalece influência da China no Sul global
    A entrada em vigor das novas taxas alfandegárias entre Estados Unidos e China impacta a economia dos dois países – e uma das estratégias de Pequim para reagir à ofensiva de Donald Trump é reforçar a cooperação e influência chinesas junto aos países em desenvolvimento. Dependente das exportações, a China fortalece os caminhos abertos pelo projeto Novas Rotas da Seda na América do Sul, na África e na própria Ásia. No começo do mês, o presidente americano subiu para 20% as tarifas de importação para todos os produtos chineses. O governo do presidente Xi Jinping respondeu, a partir desta semana, com taxas de 15% direcionadas a setores agrícolas americanos, em especial soja, milho e frango.Os Estados Unidos estão entre os principais clientes da China: compram cerca de 15% das suas exportações. “A China não quis ir além nessa guerra comercial e ressaltou que ela é uma fonte de estabilidade, em um mundo multilateral. Ela se coloca como o país sensato da história”, observa Mary-Françoise Renard especialista em economia do desenvolvimento, com foco na China, e professora emérita da Universidade Clermont Auvergne. “Ela visou setores e empresas que constituem berços eleitorais trumpistas, mas dos quais, Pequim não é muito dependente. Desde a primeira eleição de Trump e ainda mais depois da segunda, ela diversificou muito os seus parceiros comerciais – ela compra bem mais soja do Brasil, por exemplo.”O ambicioso Novas Rotas da Seda, projeto de investimentos em infraestruturas nos países do Sul global, se insere neste contexto – sobretudo depois do primeiro mandato de Trump. Enquanto o presidente americano faz ameaças aos seus parceiros comerciais, Pequim prometeu financiar mais de US$ 50 bilhões em três anos nos países africanos.Em novembro de 2024, poucos dias depois da eleição de Trump para um novo governo, Xi Jinping promoveu um giro pela América Latina e fechou mais de 60 acordos de cooperação. Também inaugurou o que será o maior porto da região, o complexo portuário de Chancay, no Peru, com financiamento chinês.Dinâmica ganha-ganhaNos últimos anos, a maioria dos países latino-americanos e africanos alçou Pequim ao posto de maior parceiro comercial, lembra Benjamin Bürbaumer, professor assistente de Economia Internacional na Sciences Po de Bordeaux, e autor de Chine/ Etats Unis: le capitalisme contre la mondialisation ("China e Estados Unidos, o capitalismo contra a globalização", em tradução livre).“O programa compensa um pouco os desequilíbrios macroeconômicos internos da China, mas ao financiar infraestruturas no resto do mundo, na África, na América Latina ou na Ásia, responde a uma necessidade real desses países. Segundo a ONU, a cada ano faltam entre US$ 1 bilhão e US$ 1,5 bilhão de investimentos em infraestruturas, e esse valor foi crescendo justamente depois do Consenso de Washington, nos anos 1980, quando os Estados Unidos passaram a exigir que os países pobres reembolsassem as suas dívidas e adotassem políticas de austeridade”, relembra o especialista. “É esse problema que a China vem, em parte, compensar – e não o faz por caridade, afinal isso a ajuda a reequilibrar a sua própria economia”, salienta.As taxas americanas chegam num momento de desaceleração econômica chinesa, com uma crise imobiliária persistente, consumo interno baixo e nível elevado de poupança, efeitos crônicos das políticas voltadas à exportação das últimas quatro décadas. O governo de Pequim acaba de anunciar um novo plano para estimular o crescimento e a geração de empregos, mas falhou em não oferecer medidas de apoio ao consumo das famílias, avalia Mary-Françoise Renard.“Não foram medidas estruturais. É claro que elas podem apoiar, indiretamente, a demanda, mas para dar uma ideia, o peso da demanda no PIB chinês é de menos de 40% e nos Estados Unidos é de quase 69%”, disse a autora de La Chine dans l’économie mondiale – entre dépendance et domination ("A China na Economia Mundial: entre dependência e dominação”, em tradução livre). “Mesmo que a China conseguisse subir 10 pontos nesse índice, ela ainda seria o país que menos consome”.A equação entre consumo interno baixo e nível alto de investimentos deixa o país intrinsecamente dependente do comércio exterior, frisa a economista. É por isso que, apesar da diversificação de parceiros, Pequim deve continuar buscando trazer Washington para a mesa de negociações.
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  • Caso Milei ilustra fascínio de libertários por criptomoedas, mas confiança de investidores no ativo também cresce
    A criação de uma memecoin pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, e o escândalo da ascensão e queda meteórica da criptomoeda Libra na Argentina, sob o estímulo do presidente Javier Milei, ilustram o fascínio de seus apoiadores libertários pelos criptoativos. Mas o crescimento desses ativos também atrai cada vez mais investidores tradicionais, enquanto algumas das criptos mais famosas se consolidaram e um número crescente de transações pode ser realizada apenas por blockchain, sem passar pelo sistema bancário tradicional. Bitcoin, Ethereum ou stablecoins: essas palavras entraram no vocabulário econômico nos últimos anos e ganharam um impulso inédito com a volta ao poder de Donald Trump. O republicano planeja transformar o país na “capital mundial” das criptos e deu a largada à flexibilização da regulação em vigor. Deseja, ainda, instaurar uma “reserva nacional de ativos digitais”, que poderia contar com fundos das reservas de ouro americanas.Resultado: pela primeira vez, o Bitcoin ultrapassou a cotação de US$ 109 mil, em janeiro. “Se olhamos a valorização dos criptoativos nos últimos anos, a começar pelo Bitcoin, que iniciou em 2009, e outros que se seguiram, vemos uma curva exponencial. Mas se olharmos com mais cuidado, precisamos considerar a volatilidade muito alta”, pondera o economista francês Quentin Demé, professor de finanças da Sorbonne e autor de “100 mots pour comprendre les cryptomonnaies” ("100 Palavras para Compreender as Criptomoedas", em tradução livre).“Em 2024, o Bitcoin começou o ano a US$ 50 mil, baixou a US$ 30 mil nos meses seguintes, ou seja, a 40% do seu valor. Na sequência, graças a algumas declarações de Trump, disparou a mais de US$ 100 mil”, resume o especialista, à RFI.  Demé relembra que as criptomoedas emergiram sob o impulso de geeks para escapar do controle do sistema tradicional e reencontrar uma forma de liberdade total para as transações financeiras, sem custos, impostos ou sequer registros. Para esses usuários, as moedas são utilizadas pelos Estados para controlar as populações.Entretanto, na medida em que o sistema amadureceu, se tornou um investimento seguro para uma gama variada de interessados, mediante alguns cuidados. “Temos ainda essa ala das pessoas que se dizem libertárias e que, com as criptomoedas, querem se liberar dos bancos centrais, do FMI, etc. Não esqueçamos que elas fazem parte da população mundial”, afirma. “No entanto, uma grande maioria dos usuários fez essa opção como outra qualquer de investimento, para multiplicar as suas economias de uma maneira diferente das que existiam até agora.” Sétimo ativo mais valioso do mundoO economista observa que, apesar dos riscos da sua alta volatilidade, os investimentos em criptoativos já superaram o equivalente ao PIB de países como a França ou o Reino Unido. As criptos são hoje o sétimo ativo mais valioso do mundo – atrás do ouro ou da capitalização da Apple e da Microsoft, mas à frente da Meta.Na França, um a cada oito investidores dispunha de criptoativos em 2024, uma alta de 28% em relação ao ano anterior, conforme levantamento da Associação pelo Desenvolvimento dos Ativos Digitais, com o instituto Ipsos e a consultoria KPMG. Dimitri Yem, diretor-geral do Yem Patrimoine, na região parisiense, se especializou em aconselhar clientes afortunados no universo das criptos, em busca de diversificação patrimonial. Ele nota que, à medida em que as criptomoedas passaram a ser aceitas até no comércio, a confiança também cresceu.“Qualquer pessoa que possui criptos hoje pode viver quase totalmente à margem do mundo bancário tradicional. Ainda precisamos dos bancos, mas eu diria que 75% das nossas necessidades são cobertas sem os bancos, a menos que precisemos de empréstimo para um projeto imobiliário, por exemplo – embora até empréstimos possam ser feitos por criptos, e é bem simples”, explica.Países 'cripto-firendly'Desde novembro, a famosa loja de departamentos Printemps, em Paris, aceita pagamentos diretamente por carteira de criptos. Na União Europeia, Luxemburgo é o país que busca maior abertura para os criptoativos, além da Suíça, que não faz parte do bloco europeu.Os países mais “cripto-friendly” do mundo são as monarquias do Golfo e os Estados Unidos. Outros, ao contrário, buscam restringir este mercado, a começar pela China, mas também Bolívia, Egito ou Vietnã.Leia tambémCriptomoedas, a nova fonte de financiamento do Hamas
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  • Sombra do declínio econômico alemão paira sobre vizinhos europeus
    A locomotiva europeia está em pane. Louvada há mais de meio século por suas indústrias, suas exportações e seu mercado de trabalho, a Alemanha amarga há dois anos uma recessão cuja luz no fim do túnel ainda não apareceu. A situação econômica delicada é um dos principais temas da campanha eleitoral no país, para as eleições legislativas de domingo (23). A pandemia de coronavírus e as consequências da guerra na Ucrânia atingiram em cheio a Alemanha, altamente dependente da performance industrial e das exportações. A disparada dos preços da energia e a concorrência chinesa colocaram o modelo econômico alemão em xeque e o país entrou no caminho da desindustrialização, com recuo de 3% da produção e 10 mil empregos industriais perdidos por mês."Podemos dizer que a Alemanha ficou para trás em relação aos grandes países da zona do euro. Basta olhar para a evolução do crescimento alemão depois da crise do Covid. O nível de produção está muito pouco superior aos de 2019, enquanto que nos outros países desenvolvidos, a começar pelos Estados Unidos, este índice progrediu bastante”, resume Céline Antonin, economista sênior do Observatório Francês da Conjuntura Econômica (OFCE), de Paris, e especialista na zona do euro. "A Alemanha está claramente estagnada há cinco anos e hoje é difícil ver como ela vai enxergar o fim do túnel”, disse ela à RFI.A concorrência americana depois da entrada em vigor do Inflation Reduction Act (IRA) nos Estados Unidos, sem que a Europa tenha reagido à altura para apoiar a sua indústria, acentuou esse quadro. Do outro lado, o avanço espetacular da China sobre o precioso setor automotivo, por meio dos carros elétricos, pegou Berlim de surpresa.As companhias alemãs que deslocaram em peso sua produção para o país asiático privilegiaram joint ventures, com parcerias incluindo transferência de tecnologia – uma escolha que hoje se volta contra o próprio país."Os alemães tiveram as suas tecnologias copiadas em alguns setores e, uma vez que a China se apropriou dessas tecnologias alemãs, passou a reproduzi-la sozinha. No setor automotivo, ela ultrapassou a Alemanha a partir de 2023, e a Alemanha ainda é dependente de vários produtos chineses, como os componentes eletrônicos, diodos, circuitos integrados, o que amplia a sua vulnerabilidade”, nota Antonin.Efeito Trump torna futuro mais nebulosoAgora, o retorno de Donald Trump à Casa Branca, com seu America first, e a distribuição de tarifas de importação aos parceiros comerciais dos Estados Unidos, a situação fica ainda mais dramática. O Instituto de Economia Alemã de Colônia avalia que o "efeito Trump" poderá causar € 180 bilhões de prejuízos em quatro anos para o país."Tem uma parte considerável dos empregos alemães que dependem da indústria exportadora, e é por isso que a Alemanha promove tanto o livre comércio. Passarmos a ter um mundo mais fechado, com tarifas de importação, não é nada bom para ela”, observa a economista.A vulnerabilidade energética alemã fez com que o país sofresse mais do que os vizinhos com os impactos da guerra na Ucrânia e os cortes de fornecimento de gás pela Rússia. Resultado: os preços de toda a cadeia produtiva aumentaram e não baixaram mais.Em janeiro, em uma cena rara, empresários ocuparam o emblemático Portão de Brandemburgo, em Berlim, para alertar os candidatos a chanceler sobre o risco de “declínio" do país e pedir “reformas econômicas urgentes”. A queda dos preços da energia é uma das principais reivindicações."Os empreendedores estão na rua porque a situação está mais grave do que nunca. Os empregos e a prosperidade do nosso país estão em perigo”, disse um manifestante. "A Alemanha tem um enorme problema de competitividade. Há anos, as nossas advertências são ignoradas pelos políticos."Investimentos públicos paralisados Com discurso liberal, os conservadores do CDU são os favoritos – mesmo que, no horizonte, a vitória possa significar uma aliança com a extrema direita, em nome da governabilidade. O candidato Friedrich Merz, líder do partido, promete cortar € 90 bilhões ao ano de impostos sobre empresas e pessoas físicas para relançar a economia.O SPD, do atual premiê Olaf Scholz, segue no sentido contrário: não descarta novas taxas para financiar a retomada dos investimentos, num país que, obcecado pelo rigor fiscal, congelou os gastos públicos ao ponto de ver suas infraestruturas envelhecerem, desde a malha ferroviária até as tecnologias, incluindo a rede 5G.Leia tambémAlemanha: Imigração foi um dos temas em destaque no último debate dos candidatos antes das eleiçõesNeste contexto, é toda a Europa que está de olho no futuro da Alemanha: o país é o principal parceiro comercial da metade dos europeus, em especial os do leste. A atividade econômica de todo o bloco acaba freada pela recessão alemã."O fato de o maior país da zona do euro, a sua locomotiva, estar enfraquecida e ter um crescimento baixo ou zero não é bom porque envia a mensagem de um enfraquecimento generalizado da União Europeia”, salienta Céline Antonin. “Dá a impressão de que a Europa está um pouco estagnada, até porque os países em volta da Alemanha também não estão tendo um crescimento fulminante."
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  • Na corrida mundial pela IA, UE aposta em proteção de dados para se diferenciar de excessos de concorrentes
    A expansão da inteligência artificial para os mais diversos campos torna a questão da regulamentação do seu uso cada vez mais urgente, em meio a uma concorrência mundial crescente. Espremida entre o controle estatal da China e a flexibilidade dos Estados Unidos, a Europa busca se diferenciar com uma IA protetora dos usuários – mesmo que este caminho a deixe para trás nesta corrida. A União Europeia adotou em 2024 a legislação mais completa do mundo sobre a tecnologia. O “respeito da vida dos cidadãos” está no foco do texto do IA Act, que impõe transparência sobre o seu uso, exigências de normas para áreas consideradas sensíveis, como educação e segurança, e até proibições de uso da IA quando for contrário aos valores europeus, a exemplo do sistema de notação de pessoas que existe na China.Enquanto isso, nos Estados Unidos, um dos primeiros atos da desregulamentação generalizada prometida pelo presidente Donald Trump foi reverter o frágil mecanismo que havia sido instaurado pelo ex-presidente Joe Biden em matéria de inteligência artificial.Este foi um dos principais temas debatidos na Cúpula para a Ação sobre a Inteligência Artificial, realizada em Paris nesta segunda e terça-feira. “Nós apoiamos a regulação: como se tem dito, a IA é importante demais para não ser regulada, mas deve ser regulada de forma inteligente”, disse a diretora global de Políticas de Concorrência do Google, Astri Van Dyke, em um painel do Business Day, evento paralelo da cúpula. “Temos que ter uma visão dos riscos e analisar setor por setor. Os riscos da IA na saúde serão diferentes do da indústria, por exemplo”, complementou.  Já Adam Cohen, diretor de Impacto Econômico da OpenAi, considera que, neste momento de desenvolvimento da tecnologia, regras mais flexíveis favorecem o surgimento de novos players. “As regras e regimes de compliance podem criar obstáculos. Só para dar uma ideia de comparação, na OpenAI somos 2 mil colaboradores, o que é menos do que só o time jurídico do Google”, disse o executivo da criadora do ChatGPT. “Não temos o mesmo nível de recursos. O impacto que as obrigações podem ter é muito importante”, comentou.Regulação poder preservar a concorrência Solange Viegas dos Reis, diretora jurídica da OVHCloud, líder europeia em armazenamento de dados, afirma que um dos principais papeis da regulação é justamente proteger a concorrência justa. Representando um setor em que 70% do mercado é dominado por três big techs americanas (Amazon, Microsoft e Google), ela avalia que o mercado sozinho não garantirá essas salvaguardas.“A regulação não é automaticamente sinônimo de freio à competição. Se ela for adaptada, ela pode ajudar à competição”, observa. “Hoje, o que se passa é que tem uma diferença muito grande de capacidade de desenvolvimento entre empresas americanas e europeias – as grandes empresas da tech são americanas e as europeias são muito menores. Mas podemos ver que a regulação pode ajudar todo o tecido industrial e econômico a se desenvolver. E temos um diferencial importante, na comparação com os competidores, que é a proteção dos dados e a soberania sobre eles”, destaca.Solange compara as empresas de IA com as outras indústrias, dentre as quais muitas não se importam de recorrer ao trabalho infantil ou desrespeitar normas ambientais.“Não é porque, em certos países, a IA é feita num faroeste que devemos aceitá-la. Sabemos que o mercado europeu é importante para várias empresas no mundo inteiro, incluindo as americanas”, salientou. “Como o nosso mercado é importante, nós podemos impor regras que permitam acessá-lo. Essas regras têm que permitir que a atividade econômica flua com boas condições, mas também podem impedir que pessoas que venham do faroeste apliquem os métodos delas na Europa.”IA tem interesse em manter indústrias criativas O presidente da Autoridade da Concorrência francesa, Benoît Coeuré, disse que o risco é a IA se tornar uma gigantesca indústria da exploração de dados, na qual as grandes companhias captarão, legal ou legalmente, informais sigilosas ou protegidas por direitos autorais.“Nós temos que tomar cuidado para nos prevenir disso, e balancear os interesses da IA contra os de outros quesitos, inclusive sociais, mas também de propriedade intelectual, da indústria da mídia, da proteção privacidade e tantos outros. Essa discussão só começou e acredito que encontraremos um caminho a seguir”, frisou. “Estou confiante porque é do maior interesse das companhias de IA proteger a produção dos dados, seja de conhecimento, de música, de notícias, de filmes. O seu maior interesse de longo prazo vai ser proteger esse ecossistema criativo, do qual ela depende”, explicou.  O presidente francês, Emmanuel Macron, defende que é essencial manter “a confiança” das pessoas na inteligência artificial e pregou uma “regulação mundial” desta tecnologia, embora tenha reconhecido que os excessos podem abalar o seu desenvolvimento.Governança inclusiva da IAO Brasil segue por essa linha: ao lado de Paris, Brasília é uma das 29 signatárias da Parceria Mundial pela Inteligência Artificial, promovida pela OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) para pregar boas práticas na utilização da tecnologia. Em uma mesa redonda da cúpula, o ministro das Relações Exteriores Mauro Vieira defendeu uma governança inclusiva da IA.“As Nações Unidas não devem estar apenas no centro das discussões sobre IA, mas no centro de qualquer iniciativa de tomada de decisão. Defendemos um diálogo aberto, equitativo e inclusivo, sempre reconhecendo as necessidades e prioridades de cada país, e acreditamos que a implementação do Pacto Digital Global deve estar no centro do nosso ‘road map’”, afirmou o chanceler.Vieira lembrou que a governança da inteligência artificial foi uma das prioridades da presidência brasileira do G20, no ano passado, e também será um dos principais objetivos da presidência do Brasil do Brics em 2025. “Os países do Sul Global precisarão ser ouvidos se quisermos alcançar soluções sustentáveis ​​para problemas duradouros e evitar uma nova exclusão digital entre países de diferentes níveis de desenvolvimento”, evocou.No encerramento da cúpula, nesta terça (11), nem os Estados Unidos, nem o Reino Unido assinaram a proposta de comunicado final do evento, que defendeu uma “IA inclusiva e sustentável” do ponto de vista energético.
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  • Acordo comercial entre Brasil e EUA pode avançar em meio a onda tarifária de Trump
    O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, começa a cumprir as promessas de aumentar os impostos de importação aos principais parceiros comerciais do país – mas, ao mesmo tempo, sinalizou que poderia negociar com a China um acordo comercial. Este também poderia ser um caminho para a Brasil.  ​​​​​​Em 2020, no primeiro mandato de Trump, Estados Unidos e Brasil assinaram um Acordo de Comércio e Cooperação Econômica (Atec, na sigla em inglês), para facilitar os trâmites burocráticos das transações. Desde então, um comitê busca aprofundar a redução de barreiras e ampliar a integração dos mercados, mas avanços significativos para a operacionalização do tratado não foram alcançados.A próxima reunião está marcada para o segundo semestre. “Vai ser para discutir temas relacionados justamente a isso, simplificação alfandegária, que a gente vai precisar muito e os países vão ter que se adequar”, nota Arthur Pimentel, presidente do Conselho de Administração da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB).“Nós recebemos em outubro a OMA, Organização Mundial das Aduanas. Vejo tudo apontando para o Brasil e acho que está se desenhando um cenário muito favorável para a gente. Tem uma boa vontade do governo americano para dar continuidade a essas tratativas”, aposta.Acordo não inclui tarifasComo membro do Mercosul, Brasília não poderia assinar um tratado de livre comércio com os Estados Unidos sem o consentimento dos demais parceiros. O Apec não abrange tarifas, mas uma série acordos bilaterais podem ser visados, como de facilitação de comércio, de investimentos e liberalização de serviços – inclusive em setores estratégicos como tecnologia e telecomunicações, salienta Welber Barral, ex-secretário de Comércio Exterior (2007-2011) e especialista em Direito Internacional do Comércio.“O que eu tenho ouvido em Brasília hoje é que o Brasil não quer ser lembrado por Trump, porque a experiência com México e Canadá vai causar muito problema para a economia desses dois países. E Trump tem negociado sempre de uma posição de muita força, de primeiro adotar medidas e depois passar para a negociação”, constata. “Mas já existem várias iniciativas que poderiam avançar, como a cooperação na área de defesa, existe um diálogo comercial entre o Mdic [Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio] e o Departamento de Comércio americano, para tirar barreiras não tarifárias. Todas essas iniciativas poderiam ter resultados mais abrangentes – se houver interesse do lado americano.”Enquanto isso, Brasília se prepara para, cedo ou tarde, ser alvo dos disparos tarifários do presidente americano. Trump citou o Brasil como “um país que cobra muito” e, “se eles querem cobrar, vamos cobrar a mesma coisa”.“Apesar da reclamação de Trump, a grande verdade é que o Brasil não tem tarifas particularmente altas contra os Estados Unidos. Ele importa muitos derivados de petróleo, equipamentos, à exceção do etanol, que os Estados Unidos reclamam que tem uma tarifa alta”, explica Barral.A exposição do Brasil a eventuais retaliações também é bem menor do que a mexicana ou a canadense, que têm nos Estados Unidos o destino de até 80% de suas exportações. No caso brasileiro, esse número gira em torno de 15% e a balança comercial foi deficitária de 2009 a 2023 – ou seja, o Brasil importa mais do que exporta para os americanos.Ainda assim, os Estados Unidos são o segundo maior parceiro do Brasil, atrás da China. As ameaças de Trump deverão levar o país a diversificar ainda mais o seu comércio internacional. “O Brasil terá a obrigação de buscar mercados alternativos, buscar exportar e expandir para outros mercados, fazer um esforço de financiamento e garantias para mercados mais arriscados, como da América Latina e África. E lembrando que o efeito não será o mesmo para todas as cadeias produtivas”, sublinha Barral.Leia tambémOs setores na França que não veem a hora de o acordo comercial com o Mercosul sairOfensiva contra o BricsO Brasil também está exposto como membro-fundador do Brics, outro foco da retórica protecionista de Trump. O republicano tem repetido sua aversão aos planos do bloco de emergentes de intensificar as transações com suas próprias moedas e, em especial, ao projeto de criação de uma moeda única do Brics. Hoje, entretanto, esse plano não tem a menor condição de se concretizar a médio prazo.O presidente chegou a ameaçar os países do Brics com “tarifas de 100%”, se o grupo um dia substituir o dólar como moeda oficial. “Uma coisa é falar, a outra é conseguir fazer. Acho que muita água ainda pode correr nesse caudaloso rio das trocas comerciais internacionais”, comenta Arthur Pimentel, da AEB.Ele vê nessa ofensiva verbal uma amostra do quanto a mobilização dos emergentes contra a hegemonia americana incomoda Washington.“O governo americano entende muito bem quando, onde e como negociar suas pretensões para a proteção do mercado interno e garantir a sua hegemonia. Ele sabe muito bem que a China mantém a posição de maior exportador do mundo. É um fato, não tem jeito”, diz Pimentel. “Eles sabem muito bem que a Índia teve um crescimento significativo nas suas vendas externas: ultrapassou os US$ 750 bilhões de braçada. E conhece muito bem a potencialidade das exportações agrícolas do Brasil, que é outro fato, e tem ciência da força exportadora de mais de U$ 120 bilhões de minerais da África do Sul”, afirma.
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