A vanguarda da desesperança – o punk brasileiro entre a crise e a mobilização [FREQUÊNCIA PARALELA]
A falta de horizonte, a dificuldade de articular alternativas e de experimentar outra vida têm marcado nosso tempo de forma determinante, inaugurando sentimentos ainda sem nome e afetando nossa capacidade de mobilizar vontades e ações. Mas, se a desesperança é a condição que conseguimos reconhecer, por que não tomá-la como insumo para exercitar a criação de um novo vocabulário – capaz de deslocar a atomização e o sofrimento?Talvez o punk tenha sido a maior expressão cultural a transformar a desesperança em combustível para elaborações estéticas que reverberaram em ações coletivas e formas de vida. Neste episódio, visitaremos algumas produções do punk nacional dos anos 1980 que ajudam a articular noções que atravessam os dilemas do presente – da precarização do trabalho ao sofrimento psíquico, do genocídio na Palestina ao avanço tecnológico em direção a uma inteligência artificial geral.
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36:50
Por uma estética do conflito – arte como política de rua com Raphael Escobar
A prática artística de Raphael Escobar é também educacional e política. Marcada pelo trânsito entre museus, galerias e a rua – especialmente a Cracolândia – vemos nela a proposição do conflito como chave para subversão dos espaços e o escancaramento das contradições dos lugares tidos como públicos.Contra a tecnologia de morte aplicada pelo Estado sobre populações vulneráveis, blocos de carnaval, rodas de samba e rima e práticas das artes visuais são usadas como tecnologias de vida na ativação de pessoas e lugares onde a opressão é regra. E a conversa de hoje é sobre isso. Confundir para organizar, organizar para tomar. A alegria, os museus, a criação, a dignidade.
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55:55
A crise é cognitiva – a guerra cultural e os fins da internet com Leonardo Foletto
Quem teve acesso à internet do fim dos anos 90 e começo dos anos 2000 jamais imaginaria que ela se tornaria um dos principais instrumentos para a elaboração do fascismo de nosso tempo, um impulsionador da crise política e estética, seguido da crise cognitiva que determinaria uma nova subjetividade em seus usuários, assim como uma nova definição de capitalismo ultraprecarizado e ultraliberal, que confundiu ainda mais os limites do trabalho, das liberdades e da democracia liberal.
Da guerra cultural à plataformização, passando pela monopolização das Big Techs e a disputa geopolítica baseada nas tecnologias criadas a partir do que resta da internet, Leonardo Foletto caminha sobre uma breve história das redes de compartilhamento, da pirataria, do hackativismo até o apodrecimento algorítmico fascista em que nos encontramos agora.
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1:17:32
Contrapolíticas da noite – entre a festa, a crítica e a produção de memória com Laboratório Noturno
A noite nessa conversa não é só uma metáfora. Falamos, sim, de uma política rastejante, que se dá nas sombras, no descuido dos que descansam, capaz de revelar uma outra cidade sobre a cidade, mas que, no seu sentido literal, não tem como momento de reverberação a luz do dia.
O Laboratório Noturno é um coletivo/grupo/laboratório que reúne pessoas que fazem, vivem e pensam a noite em espaços para articulações multidisciplinares que usam da crítica, da performance, da arquitetura e das artes visuais para amplificar a potência e preservar a memória dessas produções.
Saiba mais sobre o Laboratório Noturno: instagram.com/labnoturno
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1:20:07
Os quase planos para 2025
2025 começou com uma torrente que mostrou que nosso ânimo do fim do ano passado demandaria mais energia e rigor do que esperávamos.
Passaram-se pouco mais de 20 dias desde que o ano começou, e a fragmentação do tempo, da atenção e das redes sociais está aceleradíssima, mais do que nunca, e com uma pitada ainda mais pesada de fascismo nessa combinação toda.
Pelo menos nossos planos não foram desbaratados – até agora – e mesmo que tenham se deparado com a confusão de um ano que começa a milhão por todos os lados, a cabeça ainda funciona e trazemos a primeira novidade: estamos no substack!
Acreditamos que essa outra frente inaugura novas possibilidades de articular ideias e vontades: textos mais longos para compor o Memória Gráfica da Contracultura Brasileira, uma melhor acomodação de imagens, ensaios, entrevistas, maior interação com a comunidade que formamos aqui, e de quebra, mais uma possibilidade de apoiar financeiramente o projeto.
Saiba mais acessando balancoefuria.substack.com e inscreva–se!
Bom ano e boa sorte pra todo mundo. Nos vemos por aí!