Ep 58 - Karl Marx: Alienação, Burocracia e a Crítica Profética à Estrutura Eclesiástica
Ler Karl Marx no contexto eclesiástico é, desde o início, um exercício ambíguo. Por um lado, Marx oferece instrumentos críticos para diagnosticar distorções institucionais, como a alienação, a burocratização da vida comunitária e o uso do discurso religioso como máscara de dominação. Por outro, Marx representa uma das mais incisivas negações da fé, da liberdade espiritual e da transcendência divina na história do pensamento moderno.
Este episódio assume ambas as tensões. Reconhece que certas categorias marxistas — como crítica à alienação e à desigualdade institucional — podem lançar luz sobre fragilidades organizacionais na Igreja Adventista do Sétimo Dia (IASD). Mas alerta, com igual vigor, que o marxismo, como ideologia histórica e proposta revolucionária, é incompatível com a fé cristã e representa uma ameaça direta à ordem e à missão espiritual da Igreja.
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Ep 57 - John Stuart Mill: Liberdade Individual e Diversidade na Comunidade de Fé
Vivemos em um mundo que celebra a autonomia individual como um dos valores mais altos da civilização moderna. Esse ideal, herdeiro direto do Iluminismo e articulado de maneira refinada por pensadores liberais como John Stuart Mill, transformou a maneira como enxergamos o papel do indivíduo em relação à sociedade, ao Estado e, inevitavelmente, à religião.
Para Mill, a liberdade individual não era apenas um direito político, mas uma necessidade ética e epistemológica: uma condição essencial para o florescimento moral e intelectual do ser humano. Essa noção, embora empolgante, carrega consigo implicações profundas e, por vezes, perigosas, especialmente quando transposta para a vida e a estrutura das comunidades de fé — como é o caso da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Como equilibrar liberdade de consciência e fidelidade doutrinária? Como garantir participação democrática sem dissolver a unidade escatológica da missão? Como permitir diversidade sem abrir mão da verdade revelada? A filosofia de Mill fornece ferramentas valiosas para pensar essas questões — mas também exige vigilância para que a liberdade não se transforme em relativismo, e a diversidade em anarquia eclesiástica.
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Ep 56 - Alexis de Tocqueville: Entre a Liberdade Associativa e o Despotismo Suave
Alexis de Tocqueville, em sua obra clássica A Democracia na América, delineou uma visão profética sobre os caminhos da liberdade no mundo moderno. Observador atento da jovem república americana, Tocqueville acreditava que a força da democracia repousava em dois pilares invisíveis: a religiosidade do povo e sua impressionante capacidade de associação. Ele enxergou, com espantosa lucidez, que as democracias morrem não pela tirania violenta, mas por um “despotismo suave” – uma lenta atrofia da participação e da responsabilidade coletiva.
Neste episódio, exploraremos como o pensamento tocquevilliano pode iluminar – e desafiar – a estrutura da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A proposta é dupla: de um lado, reconhecer os estímulos saudáveis à liberdade local e ao protagonismo dos membros. De outro, denunciar os riscos de um modelo eclesiástico absorver sem crítica o espírito democrático, enfraquecendo a autoridade espiritual, relativizando a missão profética e dissolvendo a identidade doutrinária.
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Ep 55 - Søren Kierkegaard – A Subversão do Interior como Ameaça à Ordem Representativa
Søren Kierkegaard é, sem dúvida, uma das figuras mais intrigantes da filosofia moderna e da teologia cristã. Com sua ênfase radical na interioridade, na fé subjetiva e no paradoxo existencial, ele desafiou toda forma de cristianismo institucionalizado. Sua obra não apenas inaugurou o existencialismo teológico, mas também provocou uma reflexão profunda sobre o papel da fé, da angústia e da autenticidade diante de Deus. Contudo, ao confrontar seus pressupostos com a cosmovisão escatológica e eclesiológica da Igreja Adventista do Sétimo Dia, somos compelidos a fazer distinções cruciais entre uma espiritualidade fragmentária e uma fé corporativa ordenada, entre a experiência solitária e a missão profética.
Este episódio propõe-se a explorar Kierkegaard não como inimigo da fé, mas como alerta. Não como guia eclesiológico, mas como espelho das tentações do nosso tempo: espiritualidade sem corpo, fé sem missão, ordem sem transcendência. Ao longo das seções, confrontaremos sua visão com os pilares da eclesiologia adventista: a escatologia bíblica, o sistema de governo representativo, e a liderança como dom profético.
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Ep 54 - Auguste Comte: A Ilusão Cientificista e o Desafio à Ordem Espiritual da Igreja
A filosofia social de Auguste Comte, fundador do positivismo, representa um dos projetos mais ambiciosos de reorganização racional da sociedade moderna. Comte propôs um sistema de pensamento que substituísse a teologia e a metafísica por uma ciência social organizada, hierarquizada e centralizada no progresso técnico. A promessa era de emancipação do homem pela razão — mas, por trás dessa promessa, ocultava-se um modelo que, ao substituir a fé pela técnica e o sagrado pelo método, mina os fundamentos espirituais e escatológicos sobre os quais se sustenta a identidade da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Neste episódio, propomos um exame rigoroso dos princípios Comteanos — ordem, progresso, hierarquia funcional e função social da religião — em diálogo com a estrutura eclesiástica adventista. A proposta não é adotar o sistema positivista, mas expor como certos mecanismos administrativos na igreja podem, inadvertidamente, reproduzir sua lógica. E mais: demonstrar por que a adesão irrestrita ao paradigma comteano ameaça a ordem da fé, a escatologia bíblica e a missão profética da igreja.