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Padre Pedro Willemsens - Meditações

Padre Pedro Willemsens
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  • Reinar com Cristo
    Há pessoas cuja autoridade não vem da força, mas de algo mais profundo. Motolinía era assim. Um franciscano magro, pobre, quase irrelevante aos olhos do mundo. Caminhava pelas estradas poeirentas do México como quem não tem nada. E, no entanto, quando os conquistadores espanhóis o avistavam, desmontavam dos cavalos, tiravam os capacetes e ajoelhavam-se diante dele em silêncio. Os indígenas olhavam aquilo perplexos, sem entender como homens armados se curvavam diante de um “pobrezinho”.A resposta não estava na aparência. Estava no Reino.O Reino que Cristo trouxe não é feito de muralhas ou exércitos. Não se impõe pela força. É silencioso, discreto, mas absolutamente real. Surge onde um coração se abre para Deus e permite que Ele conduza. É um Reino que começa dentro de alguém e, a partir dali, transforma tudo ao redor.Jesus afirmou: “Foi-me dada toda a autoridade no Céu e na terra.” Mas essa autoridade não oprime. Ela ilumina. Ordena. Restaura. E o mais surpreendente é que Ele não guarda essa autoridade apenas para Si. Ele a partilha com os que O seguem. Convida cada um de nós a participar desse reinado, governando com Ele não por domínio, mas por amor.A Bíblia fala do “Filho do Homem vindo sobre as nuvens”, uma imagem antes reservada ao próprio Deus. Jesus assume esse título para revelar Seu mistério: um Rei que reina servindo, vence obedecendo, governa amando. E, de repente, percebemos que Ele quer que reinemos com Ele nesta lógica divina tão distante das vaidades humanas.Reinar com Cristo não significa mandar. Significa elevar. Não significa dominar. Significa transformar. O “reinado” que Ele nos confia passa pelos pequenos territórios da vida: um laboratório, um escritório, uma sala de aula, uma mesa de jantar, uma conversa difícil, um momento de paciência. São reinos discretos, mas reais, onde Deus deseja entrar.Maria reinava assim em Nazaré. Sem coroa ou aplausos. Com um amor silencioso que transformava cada gesto em território de Deus. Cristo nos oferece a mesma missão: permitir que Ele governe nossas intenções, nossos trabalhos, nossas escolhas e nossos relacionamentos. E quando isso acontece, até o mais simples dos gestos ganha peso de eternidade.Talvez seja por isso que João Paulo II clamava: “Não tenhais medo! Escancarai as portas a Cristo!” Porque, quando Cristo entra, qualquer espaço — por menor que pareça — torna-se Reino. E então algo novo começa a acontecer: as pessoas ao nosso redor sentem uma autoridade que não vem de nós, mas dEle. Uma autoridade que consola, não pesa. Que ilumina, não assusta. Que levanta, não oprime.Foi assim com Motolinía. Assim com tantos santos. Assim com todos os que deixam Deus ocupar o centro da própria vida. E assim pode ser conosco.O Reino começa quando você permite que Deus governe o chão em que você pisa._________________📚 Referências utilizadasPodcast Lord of Spirits com referências bíblicas e mitológicas sobre o reinado de Cristo e a nossa participação neste tomando o luaga dos anjos caídos: https://www.ancientfaith.com/podcasts...https://www.ancientfaith.com/podcasts...https://www.ancientfaith.com/podcasts...Livro sobre transição histórica da religião centrada num Deus supremo para o politeísmo: Andrew Lang, The Making of Religion.
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    31:22
  • Que recompensa eu busco?
    Tolstói escreveu em Guerra e Paz que as grandes batalhas da história não se travam apenas nos campos, mas dentro do coração humano. Entre ambições e medos, o que realmente move cada um de nós?É fácil pensar que as pessoas agem por ideal, por vocação, por amor — mas se olharmos mais fundo, veremos um labirinto de intenções escondidas. O coração humano é, como diz o Salmo, um abismo: “Impenetrável é o homem, seu coração é um abismo.”Na verdade, quase tudo na vida é uma batalha silenciosa entre a pureza e o egoísmo. Mesmo nas obras mais belas — uma música, uma oração, um gesto generoso — podem se misturar intenções turvas: o desejo de ser admirado, de ser elogiado, de ser reconhecido. Mas o olhar de Cristo, que penetra o mais fundo de nós, não nos condena — Ele nos purifica.É nesse olhar que começa a verdadeira retidão de intenção.Um sacerdote me sugeriu, para manter o coração livre, parar de olhar o número de visualizações de seus vídeos no YouTube. “Melhor não saber”, dizia ele. “Assim o coração não se apega.” Há sabedoria nisso. Porque o coração, como uma planta, cresce para onde recebe mais sol. E se a luz que o alimenta é a do aplauso, ele morre de sede quando vem o silêncio.Mas há outro caminho: o de olhar para Deus, e não para os números. “Quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita”, disse Jesus. Ou, em outras palavras: faz o bem, e esquece que fez. Essa é a batalha mais profunda — não contra os outros, mas contra o próprio orgulho.A mortificação e a oração são as armas.A primeira limpa o terreno; a segunda o enche de vida.Maurice Blondel dizia: “O que queremos, quando queremos tudo o que queremos?”No fundo, é sempre o amor.Por mais distorcido que esteja, é sempre o amor que nos move. No final de Guerra e Paz, um personagem desiludido encontra a redenção não na glória, mas no perdão. Ele descobre que o amor — o amor de uma mulher, o amor misericordioso de Deus — “lhe explicou tudo”. Essa frase, mais do que filosófica, é teológica: “O amor me explicou tudo. O amor resolveu tudo.”Quando o coração é tocado por esse amor, até os nossos dragões se tornam aliados. Mesmo o orgulho, a vaidade, o desejo de ser visto, podem ser transformados em força se forem integrados — se o olhar for purificado pela presença de Deus. Até os olhos que antes julgavam o mundo passam a ver como olhos de Cristo: olhos verdes de esperança, que enxergam a presença de Deus em cada detalhe, em cada pessoa, em cada sinal verde do caminho.E então a batalha pela retidão de intenção se torna uma dança: a alma, enfim, aprende a olhar só para Ele — e a se alegrar com o que apenas Ele vê.📌 “O amor me explicou tudo. O amor resolveu tudo.” 📖 (São João Paulo II, poema da juventude)📚 ReferênciasSl 64(63), 7 – “Impenetrável é o homem, seu coração é um abismo.”Mt 6, 1-6 – “Quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita.”Rm 8, 13 – “Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, pelo Espírito, vivereis.”Ef 1, 4 – “Deus nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos em sua presença, no amor.”Guerra e Paz, de Liev Tolstói.Maurice Blondel, L’Action (1893).Live do Prof. Diego Reis sobre a Presença: https://www.youtube.com/live/m0QOkOWz...
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    32:43
  • Ἀγάπη τέλος - O amor é o fim.
    A enfermeira americana que criou o primeiro serviço de cuidados paliativos dizia que o morrer se parece com um nascimento ao contrário.Três semanas antes do fim, o corpo começa a se afastar do mundo: recusa o alimento, prefere o silêncio, dorme mais do que fala. É como se a alma fosse se recolhendo para o deserto — o mesmo deserto de que fala o profeta Oséias: “Eu vou seduzi-la, levando-a para o deserto e falando-lhe ao coração.”A morte, então, não é um castigo. É um chamado. É o momento em que Deus nos toma pela mão e nos conduz para um lugar onde não há mais máscaras, nem ruído, nem distração — só o coração e Ele.É ali que o amor deixa de ser promessa e se torna encontro.Há quem tema a morte como se ela fosse o fim, e há quem a ignore como se nunca fosse chegar. Mas para o cristão, a morte é um ato de confiança: o último “sim” que damos Àquele que sempre nos amou.É o salto da fé para os braços de um Pai.Oséias descreve essa entrega com palavras de casamento: “Eu me casarei contigo para sempre, com amor e carinho.”Morrer, à luz da fé, é o momento em que a alma, cansada das ilusões, volta a chamar Deus de “meu marido” — não mais “meu Baal”. Não busca mais o que Ele pode dar, mas o próprio Deus que dá.São Josemaria escreveu:“Quando eu Te vir pela primeira vez, Senhor, esconderei minha fronte em Teu regaço e chorarei como uma criança.”É isso o que acontece com quem morre em paz: o choro já não é de medo, mas de ternura. O olhar que um dia evitou o de Deus por vergonha, agora o procura por amor.E então tudo se cumpre: a fé se transforma em visão, a esperança se faz posse, e o amor — aquele amor que começou tímido, entre quedas e recomeços — se torna eterno.📌 “Eu te desposarei para sempre, conforme a justiça e o direito, com amor e carinho.” (Os 2,19)_________📚 ReferênciasOs 2,14-20 – “Eu a levarei para o deserto e lhe falarei ao coração.”Rm 8,31-39 – “Quem nos separará do amor de Cristo?”Sl 131(130) – “Como criança desmamada no colo da mãe.”Inácio de Antioquia, Carta aos Efésios.Entrevista com enfermeira especialista em ajudar pessoas morrendo: https://www.artofmanliness.com/people...
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    29:32
  • Esperança em face à morte
    Na véspera do Natal de 1915, Albert Einstein recebeu uma carta vinda da lama das trincheiras da Primeira Guerra Mundial. O remetente era Karl Schwarzschild — físico, astrônomo, soldado. Dentro, rabiscos quase ilegíveis, escritos entre explosões e febres. Entre aquelas linhas, Einstein encontrou algo extraordinário: a primeira solução exata para suas equações da relatividade geral.Mas o que ele não sabia era que o autor já havia morrido.Morrido com o corpo queimado por gás tóxico e a alma aflita pela própria descoberta: a “singularidade” — o que hoje chamamos de *buraco negro*. Um ponto onde o tempo se curva sobre si mesmo, o passado e o futuro se tocam e até a luz parece prisioneira.A morte se parece um pouco com isso: um limite invisível, o medo de ser tragado pela escuridão. “Venit nox” — vem a noite, dizia Jesus. E, de fato, a noite vem para todos nós. Mas a fé transforma essa mesma frase.Porque Cristo desceu até o buraco negro da morte — e explodiu ali dentro uma luz mais forte que mil sóis.A Ressurreição foi a explosão divina que quebrou a gravidade da morte, abrindo uma passagem para a eternidade.O túmulo vazio é a prova de que a noite não é o fim — é apenas o instante que antecede o amanhecer.E é por isso que os cristãos, desde os tempos antigos, aprenderam a *zombar da morte. A véspera de Todos os Santos — o antigo *All Hallows’ Eve — nasceu como um riso sagrado diante da escuridão.Não se trata de negar o mal, mas de proclamá-lo vencido. De afirmar que os demônios foram derrotados, que o medo foi acorrentado, e que o amor é o único poder que permanece.Por isso, diante da morte, o cristão não se desespera: ele espera.Sabe que “vem a noite”, mas pede com fé: “Mane nobiscum, Domine — fica conosco, Senhor, porque o dia declina.”E escuta, em resposta, a voz do próprio Cristo: “Aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.”📌 A morte não é o fim. É apenas a porta por onde a eternidade começa.____________📚 ReferênciasJo 9,4 – “Vem a noite, quando ninguém pode trabalhar.”Jo 1,5 – “A luz brilha nas trevas, e as trevas não a dominaram.”1Cor 15,55 – “Ó morte, onde está a tua vitória?”Ap 14,13 – “Bem-aventurados os que morrem no Senhor.”C.S. Lewis, Mais Além do Planeta Silencioso (Trilogia Cósmica).Podcast sobre Halloween que cita a Krampusnacht: https://www.ancientfaith.com/podcasts...
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    29:14
  • Em busca do tesouro escondido
    Ela morava em uma mansão silenciosa do Paquistão, cercada por servos e jardins de jasmim. Seu nome era *Bilquis Sheikh*, e até então sua vida parecia perfeita — poder, respeito, tradição.Mas, à noite, os sonhos a perseguiam. Sonhos sobre um Deus que a chamava pelo nome.Um dia, uma freira cansada e sorridente segurou suas mãos e disse algo impensável: “Fale com Ele… como se fosse seu Pai.”Aquilo a desarmou. Ninguém jamais tinha falado de Deus assim. No Islã que ela conhecia, o Criador era grande demais, distante demais. Mas naquela tarde, entre lágrimas e coragem, Bilquis se ajoelhou e sussurrou a palavra proibida: “Pai.”E o mundo dela nunca mais foi o mesmo.A conversão de Bilquis é o retrato da parábola do tesouro escondido (Mt 13,44). O Reino dos Céus é algo que precisa ser buscado, encontrado — e comprado com tudo o que temos. É uma aventura pessoal, silenciosa e transformadora.O homem que acha o tesouro o esconde de novo, cheio de alegria, e vende tudo o que tem para comprá-lo.É assim também com quem encontra Deus: primeiro o vislumbre, depois a entrega.Encontrar o tesouro é descobrir que o caminho da fé é mais íntimo que doutrina e mais arriscado que certeza. É seguir um chamado que ninguém mais escuta, vender os falsos confortos e correr o risco de perder tudo — para, enfim, ganhar o essencial.E como Bilquis, cada um de nós precisa passar por essa travessia: da crença à confiança, da distância ao abraço, do “Deus lá em cima” ao “Pai que me ouve”.O tesouro continua escondido, sim, mas quem já o viu nunca mais consegue viver sem buscá-lo.📌 “Alguém encontra um tesouro escondido num campo. Cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.” (Mt 13,44)_______📚 ReferênciasMt 13,44 – Parábola do tesouro escondido.Lc 7,36-50 – Jesus e a mulher pecadora.Magnificat (Lc 1,46-55).Atrevi-me a Chamar-lhe Pai – Bilquis Sheikh.Pascal, Pensées – Tipos de pessoas diante de Deus.São Josemaria Escrivá, Caminho, nº 432.U2, I Still Haven’t Found What I’m Looking For (The Joshua Tree, 1987).
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    30:39

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Sobre Padre Pedro Willemsens - Meditações

Meditações do padre Pedro Willemsens, do CEAC (Brasília - DF), sobre diversos temas (doutrina católica, temáticas da fé, virtudes, aspectos da vida humana, dentre outros).
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