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Padre Pedro Willemsens - Meditações

Padre Pedro Willemsens
Padre Pedro Willemsens - Meditações
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5 de 276
  • Que recompensa eu busco?
    Tolstói escreveu em Guerra e Paz que as grandes batalhas da história não se travam apenas nos campos, mas dentro do coração humano. Entre ambições e medos, o que realmente move cada um de nós?É fácil pensar que as pessoas agem por ideal, por vocação, por amor — mas se olharmos mais fundo, veremos um labirinto de intenções escondidas. O coração humano é, como diz o Salmo, um abismo: “Impenetrável é o homem, seu coração é um abismo.”Na verdade, quase tudo na vida é uma batalha silenciosa entre a pureza e o egoísmo. Mesmo nas obras mais belas — uma música, uma oração, um gesto generoso — podem se misturar intenções turvas: o desejo de ser admirado, de ser elogiado, de ser reconhecido. Mas o olhar de Cristo, que penetra o mais fundo de nós, não nos condena — Ele nos purifica.É nesse olhar que começa a verdadeira retidão de intenção.Um sacerdote me sugeriu, para manter o coração livre, parar de olhar o número de visualizações de seus vídeos no YouTube. “Melhor não saber”, dizia ele. “Assim o coração não se apega.” Há sabedoria nisso. Porque o coração, como uma planta, cresce para onde recebe mais sol. E se a luz que o alimenta é a do aplauso, ele morre de sede quando vem o silêncio.Mas há outro caminho: o de olhar para Deus, e não para os números. “Quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita”, disse Jesus. Ou, em outras palavras: faz o bem, e esquece que fez. Essa é a batalha mais profunda — não contra os outros, mas contra o próprio orgulho.A mortificação e a oração são as armas.A primeira limpa o terreno; a segunda o enche de vida.Maurice Blondel dizia: “O que queremos, quando queremos tudo o que queremos?”No fundo, é sempre o amor.Por mais distorcido que esteja, é sempre o amor que nos move. No final de Guerra e Paz, um personagem desiludido encontra a redenção não na glória, mas no perdão. Ele descobre que o amor — o amor de uma mulher, o amor misericordioso de Deus — “lhe explicou tudo”. Essa frase, mais do que filosófica, é teológica: “O amor me explicou tudo. O amor resolveu tudo.”Quando o coração é tocado por esse amor, até os nossos dragões se tornam aliados. Mesmo o orgulho, a vaidade, o desejo de ser visto, podem ser transformados em força se forem integrados — se o olhar for purificado pela presença de Deus. Até os olhos que antes julgavam o mundo passam a ver como olhos de Cristo: olhos verdes de esperança, que enxergam a presença de Deus em cada detalhe, em cada pessoa, em cada sinal verde do caminho.E então a batalha pela retidão de intenção se torna uma dança: a alma, enfim, aprende a olhar só para Ele — e a se alegrar com o que apenas Ele vê.📌 “O amor me explicou tudo. O amor resolveu tudo.” 📖 (São João Paulo II, poema da juventude)📚 ReferênciasSl 64(63), 7 – “Impenetrável é o homem, seu coração é um abismo.”Mt 6, 1-6 – “Quando deres esmola, não saiba tua mão esquerda o que faz a direita.”Rm 8, 13 – “Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, pelo Espírito, vivereis.”Ef 1, 4 – “Deus nos escolheu antes da fundação do mundo para sermos santos em sua presença, no amor.”Guerra e Paz, de Liev Tolstói.Maurice Blondel, L’Action (1893).Live do Prof. Diego Reis sobre a Presença: https://www.youtube.com/live/m0QOkOWz...
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    32:43
  • Ἀγάπη τέλος - O amor é o fim.
    A enfermeira americana que criou o primeiro serviço de cuidados paliativos dizia que o morrer se parece com um nascimento ao contrário.Três semanas antes do fim, o corpo começa a se afastar do mundo: recusa o alimento, prefere o silêncio, dorme mais do que fala. É como se a alma fosse se recolhendo para o deserto — o mesmo deserto de que fala o profeta Oséias: “Eu vou seduzi-la, levando-a para o deserto e falando-lhe ao coração.”A morte, então, não é um castigo. É um chamado. É o momento em que Deus nos toma pela mão e nos conduz para um lugar onde não há mais máscaras, nem ruído, nem distração — só o coração e Ele.É ali que o amor deixa de ser promessa e se torna encontro.Há quem tema a morte como se ela fosse o fim, e há quem a ignore como se nunca fosse chegar. Mas para o cristão, a morte é um ato de confiança: o último “sim” que damos Àquele que sempre nos amou.É o salto da fé para os braços de um Pai.Oséias descreve essa entrega com palavras de casamento: “Eu me casarei contigo para sempre, com amor e carinho.”Morrer, à luz da fé, é o momento em que a alma, cansada das ilusões, volta a chamar Deus de “meu marido” — não mais “meu Baal”. Não busca mais o que Ele pode dar, mas o próprio Deus que dá.São Josemaria escreveu:“Quando eu Te vir pela primeira vez, Senhor, esconderei minha fronte em Teu regaço e chorarei como uma criança.”É isso o que acontece com quem morre em paz: o choro já não é de medo, mas de ternura. O olhar que um dia evitou o de Deus por vergonha, agora o procura por amor.E então tudo se cumpre: a fé se transforma em visão, a esperança se faz posse, e o amor — aquele amor que começou tímido, entre quedas e recomeços — se torna eterno.📌 “Eu te desposarei para sempre, conforme a justiça e o direito, com amor e carinho.” (Os 2,19)_________📚 ReferênciasOs 2,14-20 – “Eu a levarei para o deserto e lhe falarei ao coração.”Rm 8,31-39 – “Quem nos separará do amor de Cristo?”Sl 131(130) – “Como criança desmamada no colo da mãe.”Inácio de Antioquia, Carta aos Efésios.Entrevista com enfermeira especialista em ajudar pessoas morrendo: https://www.artofmanliness.com/people...
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    29:32
  • Esperança em face à morte
    Na véspera do Natal de 1915, Albert Einstein recebeu uma carta vinda da lama das trincheiras da Primeira Guerra Mundial. O remetente era Karl Schwarzschild — físico, astrônomo, soldado. Dentro, rabiscos quase ilegíveis, escritos entre explosões e febres. Entre aquelas linhas, Einstein encontrou algo extraordinário: a primeira solução exata para suas equações da relatividade geral.Mas o que ele não sabia era que o autor já havia morrido.Morrido com o corpo queimado por gás tóxico e a alma aflita pela própria descoberta: a “singularidade” — o que hoje chamamos de *buraco negro*. Um ponto onde o tempo se curva sobre si mesmo, o passado e o futuro se tocam e até a luz parece prisioneira.A morte se parece um pouco com isso: um limite invisível, o medo de ser tragado pela escuridão. “Venit nox” — vem a noite, dizia Jesus. E, de fato, a noite vem para todos nós. Mas a fé transforma essa mesma frase.Porque Cristo desceu até o buraco negro da morte — e explodiu ali dentro uma luz mais forte que mil sóis.A Ressurreição foi a explosão divina que quebrou a gravidade da morte, abrindo uma passagem para a eternidade.O túmulo vazio é a prova de que a noite não é o fim — é apenas o instante que antecede o amanhecer.E é por isso que os cristãos, desde os tempos antigos, aprenderam a *zombar da morte. A véspera de Todos os Santos — o antigo *All Hallows’ Eve — nasceu como um riso sagrado diante da escuridão.Não se trata de negar o mal, mas de proclamá-lo vencido. De afirmar que os demônios foram derrotados, que o medo foi acorrentado, e que o amor é o único poder que permanece.Por isso, diante da morte, o cristão não se desespera: ele espera.Sabe que “vem a noite”, mas pede com fé: “Mane nobiscum, Domine — fica conosco, Senhor, porque o dia declina.”E escuta, em resposta, a voz do próprio Cristo: “Aquele que me segue não andará nas trevas, mas terá a luz da vida.”📌 A morte não é o fim. É apenas a porta por onde a eternidade começa.____________📚 ReferênciasJo 9,4 – “Vem a noite, quando ninguém pode trabalhar.”Jo 1,5 – “A luz brilha nas trevas, e as trevas não a dominaram.”1Cor 15,55 – “Ó morte, onde está a tua vitória?”Ap 14,13 – “Bem-aventurados os que morrem no Senhor.”C.S. Lewis, Mais Além do Planeta Silencioso (Trilogia Cósmica).Podcast sobre Halloween que cita a Krampusnacht: https://www.ancientfaith.com/podcasts...
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    29:14
  • Em busca do tesouro escondido
    Ela morava em uma mansão silenciosa do Paquistão, cercada por servos e jardins de jasmim. Seu nome era *Bilquis Sheikh*, e até então sua vida parecia perfeita — poder, respeito, tradição.Mas, à noite, os sonhos a perseguiam. Sonhos sobre um Deus que a chamava pelo nome.Um dia, uma freira cansada e sorridente segurou suas mãos e disse algo impensável: “Fale com Ele… como se fosse seu Pai.”Aquilo a desarmou. Ninguém jamais tinha falado de Deus assim. No Islã que ela conhecia, o Criador era grande demais, distante demais. Mas naquela tarde, entre lágrimas e coragem, Bilquis se ajoelhou e sussurrou a palavra proibida: “Pai.”E o mundo dela nunca mais foi o mesmo.A conversão de Bilquis é o retrato da parábola do tesouro escondido (Mt 13,44). O Reino dos Céus é algo que precisa ser buscado, encontrado — e comprado com tudo o que temos. É uma aventura pessoal, silenciosa e transformadora.O homem que acha o tesouro o esconde de novo, cheio de alegria, e vende tudo o que tem para comprá-lo.É assim também com quem encontra Deus: primeiro o vislumbre, depois a entrega.Encontrar o tesouro é descobrir que o caminho da fé é mais íntimo que doutrina e mais arriscado que certeza. É seguir um chamado que ninguém mais escuta, vender os falsos confortos e correr o risco de perder tudo — para, enfim, ganhar o essencial.E como Bilquis, cada um de nós precisa passar por essa travessia: da crença à confiança, da distância ao abraço, do “Deus lá em cima” ao “Pai que me ouve”.O tesouro continua escondido, sim, mas quem já o viu nunca mais consegue viver sem buscá-lo.📌 “Alguém encontra um tesouro escondido num campo. Cheio de alegria, vai, vende tudo o que tem e compra aquele campo.” (Mt 13,44)_______📚 ReferênciasMt 13,44 – Parábola do tesouro escondido.Lc 7,36-50 – Jesus e a mulher pecadora.Magnificat (Lc 1,46-55).Atrevi-me a Chamar-lhe Pai – Bilquis Sheikh.Pascal, Pensées – Tipos de pessoas diante de Deus.São Josemaria Escrivá, Caminho, nº 432.U2, I Still Haven’t Found What I’m Looking For (The Joshua Tree, 1987).
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    30:39
  • A virtude da urbanidade
    A mesa estava posta. Pães, vinho, frutas secas, o murmúrio dos convidados — e um silêncio desconfortável. O fariseu Simão havia convidado Jesus para jantar, um gesto de cortesia, talvez até de curiosidade. Mas o olhar dele era calculado, distante, como quem mantém uma certa reserva para não comprometer a própria reputação.Foi então que uma mulher entrou. Ninguém a esperava, e todos sabiam quem ela era. Uma pecadora. Deveria ser expulsa imediatamente — mas ela não foi. Permaneceu de joelhos, chorando aos pés de Cristo, lavando-os com lágrimas, enxugando-os com os cabelos e derramando perfume.Simão se irrita com a cena; Jesus a acolhe. Ele percebe o gesto de amor escondido na delicadeza de uma mulher que sabe amar com gestos concretos — e ensina que há uma forma de amor chamada urbanidade: o bom gosto da caridade, a ternura em pequenos detalhes.Ser urbano é amar com atenção. É servir a mesa e esperar o outro se servir antes. É oferecer um copo d’água antes de falar de si. É lembrar um aniversário, ouvir com paciência, cuidar de um pequeno detalhe que ninguém notaria — mas que aquece um coração.A urbanidade nasce da caridade, mas se expressa na forma humana do amor: nos gestos, no tom da voz, na maneira de olhar e de cuidar.Jesus, ao receber o carinho daquela mulher, nos mostra que a delicadeza também é uma força espiritual — e que até as boas maneiras podem ser santas quando nascem de um coração que ama.Em um mundo onde a grosseria se confunde com sinceridade, a virtude da urbanidade é uma revolução silenciosa. Ela transforma o convívio, salva a convivência, devolve humanidade à fé.E lembra que, entre o ruído e o descuido, o verdadeiro amor se manifesta não só nas grandes renúncias, mas nas pequenas gentilezas.📌 “Os muitos pecados dela foram perdoados, porque ela muito amou.” (Lc 7,47)__📚 ReferênciasLc 7,36-50 – Jesus na casa de Simão, o fariseu.São Josemaria Escrivá, *Caminho*, n. 541 — “Há uma urbanidade da piedade...”São Josemaria Escrivá, *Sulco*, n. 728.
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    30:46

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Sobre Padre Pedro Willemsens - Meditações

Meditações do padre Pedro Willemsens, do CEAC (Brasília - DF), sobre diversos temas (doutrina católica, temáticas da fé, virtudes, aspectos da vida humana, dentre outros).
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