Miguel Carvalho: o que se vê por dentro do Chega? [áudio corrigido]
Neste episódio do Perguntar Não Ofende, Miguel Carvalho apresenta as principais conclusões do seu livro Por Dentro do Chega, a mais extensa investigação sobre a ascensão e os bastidores do partido liderado por André Ventura. O jornalista descreve um movimento político que se constrói em torno de um culto de personalidade e de uma lógica de poder pessoal, mais do que de uma ideologia estruturada. As vozes de ex-dirigentes, citadas no livro, revelam um ambiente de manipulação interna, gravações clandestinas, disputas de poder e ausência de transparência financeira. Carvalho analisa o crescimento eleitoral do Chega, que se torna a segunda força política portuguesa em apenas seis anos. Explica que o partido capta um eleitorado popular, maioritariamente vindo do PCP e do PSD, desiludido com o sistema e atraído por um discurso de protesto simples e emocional. Compara o fenómeno à transformação populista de outros países europeus, sublinhando que Ventura se adapta ao “ar do tempo” e domina as dinâmicas mediáticas e digitais com grande eficácia. O jornalista destaca ainda o papel das redes sociais, dos media sensacionalistas e de movimentos religiosos radicais na consolidação do partido. Denuncia a ausência de rastreio dos candidatos, a entrada de figuras com antecedentes criminais e a permeabilidade do Chega a grupos extremistas. Para Carvalho, o partido vive numa bolha de desinformação e paranoia, alimentada por uma estrutura centralizada e autoritária. Por fim, Miguel Carvalho reflete sobre o papel do jornalismo na vigilância democrática. Assume ter sentido pressões durante a investigação, mas defende que a missão do repórter é resistir ao medo e expor as contradições do poder.See omnystudio.com/listener for privacy information.
--------
1:27:11
--------
1:27:11
Presidenciais 2026 com Henrique Gouveia e Melo: sabemos que chegue do almirante que quer ser Presidente?
Henrique Eduardo Passaláqua de Gouveia e Melo. Será este o nome que aparecerá no boletim de voto, a 18 de janeiro de 2026. Retornado, mas sem contas a ajustar com o fim do Império, sobrinho de um comunista e de um homem do Estado Novo, filho de um opositor moderado ao salazarismo e amigo de Almeida Santos que fugiu do PREC para o Brasil. Tudo na biografia de Gouveia e Melo parece fadado a agradar a gregos e a troianos. E, no entanto, esteve longe de ser uma figura consensual entre os camaradas de armas. Para uns será vaidoso e ambicioso; para outros confiante e corajoso. O seu sonho era ser Chefe de do Estado Maior da Armada, mas os portugueses ficaram a conhecê-lo antes de lá chegar, quando António Costa, para se livrar do cerco da oposição ao processo de vacinação, escolheu um militar que supostamente não tinha ambições políticas e seria deixado em paz. Uns dirão que foi a sua competência, outros que foi a farda, mas a sua autoridade foi aceite. E o PS criou o monstro (salvo seja) que não desejava. Já na chefia militar, deu muitas entrevistas e manteve a visibilidade, preparando o caminho para uma candidatura que já todos previam. As sondagens dão-no como favorito, baralhando as contas habituais dos partidos. Mas quando começou a ter de falar de política, a ser realmente um político, começou também a cair. Não há consenso que sempre dure quando se tem de clarificar posições. Os adversários apontam-lhe a inexperiência como principal problema. Uma folha em branco e só depois de tomar posse perceberemos que contrato assinámos. Os apoiantes a independência e a neutralidade partidária, que lhe darão equidistância em tempos difíceis. E a autoridade. Ajudada por uma farda que já não veste e também é vista como um problema.See omnystudio.com/listener for privacy information.
--------
1:12:46
--------
1:12:46
Miguel Carvalho: o que se vê por dentro do Chega? [áudio corrigido]
Neste episódio do Perguntar Não Ofende, Miguel Carvalho apresenta as principais conclusões do seu livro Por Dentro do Chega, a mais extensa investigação sobre a ascensão e os bastidores do partido liderado por André Ventura. O jornalista descreve um movimento político que se constrói em torno de um culto de personalidade e de uma lógica de poder pessoal, mais do que de uma ideologia estruturada. As vozes de ex-dirigentes, citadas no livro, revelam um ambiente de manipulação interna, gravações clandestinas, disputas de poder e ausência de transparência financeira. Carvalho analisa o crescimento eleitoral do Chega, que se torna a segunda força política portuguesa em apenas seis anos. Explica que o partido capta um eleitorado popular, maioritariamente vindo do PCP e do PSD, desiludido com o sistema e atraído por um discurso de protesto simples e emocional. Compara o fenómeno à transformação populista de outros países europeus, sublinhando que Ventura se adapta ao “ar do tempo” e domina as dinâmicas mediáticas e digitais com grande eficácia. O jornalista destaca ainda o papel das redes sociais, dos media sensacionalistas e de movimentos religiosos radicais na consolidação do partido. Denuncia a ausência de rastreio dos candidatos, a entrada de figuras com antecedentes criminais e a permeabilidade do Chega a grupos extremistas. Para Carvalho, o partido vive numa bolha de desinformação e paranoia, alimentada por uma estrutura centralizada e autoritária. Por fim, Miguel Carvalho reflete sobre o papel do jornalismo na vigilância democrática. Assume ter sentido pressões durante a investigação, mas defende que a missão do repórter é resistir ao medo e expor as contradições do poder.See omnystudio.com/listener for privacy information.
--------
1:27:11
--------
1:27:11
Filipe Teles: que falta nos faz o poder local? E a regionalização?
As eleições autárquicas são o momento mais próximo entre eleitores e eleitos, mas paradoxalmente aquele que menos mobiliza o país. Apesar de quase metade dos portugueses avaliarem positivamente o poder local, a participação cívica nas autarquias continua baixa. Porquê? O problema está nas instituições ou na nossa cultura democrática? À porta de novas eleições, Daniel Oliveira conversa com Filipe Teles, coordenador do Barómetro do Poder Local da Fundação Francisco Manuel dos Santos, professor de Ciência Política na Universidade de Aveiro e especialista em governação e descentralização. A partir dos dados do barómetro, exploram-se as contradições da nossa democracia local: cidadãos satisfeitos mas pouco participativos, autarcas próximos mas com poderes limitados, e uma máquina pesada e dependente do imobiliário. Na conversa questiona-se o modelo presidencialista das câmaras, a falta de transparência e de imprensa local, e a ausência de escrutínio das estruturas intermédias como as CCDR e as Comunidades Intermunicipais. Tudo isto num país onde 84% dos municípios perderam população e onde o centralismo, político e económico, continua a concentrar recursos e decisões em Lisboa. Pode a descentralização fortalecer a democracia e reduzir desigualdades regionais? Ou corremos o risco de apenas multiplicar os vícios do centro? Entre os limites da regionalização e o medo de distribuir poder, esta conversa procura perceber o que está em causa quando falamos de proximidade, autonomia e participação.See omnystudio.com/listener for privacy information.
--------
1:19:56
--------
1:19:56
Carvalho da Silva e Torres Couto: a contrarreforma laboral pode unir os sindicatos?
Daniel Oliveira recebe Carvalho da Silva e Torres Couto, duas figuras históricas do sindicalismo português, que se reencontram para discutir a chamada contrarreforma laboral. Desde o início da conversa, ambos sublinham a gravidade das alterações propostas pelo governo, que mexem em mais de uma centena de artigos da lei laboral e representam, segundo eles, um claro retrocesso nos direitos dos trabalhadores. O ponto de partida é o apelo à unidade das centrais sindicais, algo que os dois consideram indispensável para travar as mudanças em curso. Os dois antigos líderes sindicais também refletem sobre a capacidade atual das centrais em mobilizar a sociedade. Admitem que a CGTP e a UGT já não têm a força de outros tempos, mas defendem que o contexto exige coordenação e unidade. Recordam o seu próprio percurso, marcado por alianças e divergências, como na greve geral de 1988, mas sublinham que hoje se impõe ultrapassar divisões. Só uma frente comum, afirmam, pode criar condições reais para enfrentar um governo apoiado por dois terços de deputados de direita e disposto a usar esse poder para remodelar profundamente as relações laborais.See omnystudio.com/listener for privacy information.
É mais que uma entrevista, é menos que um debate. É uma conversa com contraditório em que, no fim, é mesmo a opinião do convidado que interessa. Quase sempre sobre política, às vezes sobre coisas realmente interessantes. Um projeto jornalístico de Daniel Oliveira e João Martins. Imagem gráfica de Vera Tavares com Tiago Pereira Santos e música de Mário Laginha.