“O cemitério” (1924) é um conto com toques realistas e, porque não dizer, naturalistas, de Lima Barreto (1881-1922). Narra uma visita ao cemitério e a observação dos túmulos, gerando sentimentos, como se a matéria fria fosse capaz disso. Nas lápides, o narrador impressiona-se com o esforço manifestado pela implantação de esculturas e investimentos em pirâmides, para tentar manter a diferença social, deixar saber quais são os túmulos pobres e ricos, mas todos são simplesmente, mortos. É um “mudo laboratório de decomposição”. Até que ele enxerga a lápide de uma moça, “bela mulher!” exclama, como se a contemplasse na Rua do Ouvidor. É a partir desse ponto que vem a descrição naturalista, seguido da composição completa que o narrador faz, a partir do par de olhos que contempla no túmulo. No conto, ele segue a "meditar como um cientista-profético-hebraico”, por isso, emerge na história variadas impressionâncias. O cemitério, aliás, é um ambiente sobre o qual Lima versou bastante. Uma de suas obras mais conhecidas é Cemitério dos Vivos, um romance inacabado escrito entre 1919 e 1920. A obra foi publicada postumamente em 1957. Exatamente hoje, 1º de novembro, completa-se 102 anos da morte do autor. Boa leitura!
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