História da África - Parte 1
Estudar a História da África é também se debruçar sobre a história de sua historiografia, entendendo as passagens das concepções históricas eurocêntricas e positivistas para os pressupostos de uma historiografia sobre a África baseada nos pressupostos da Escola dos Annales e da História Cultural
Dentro desse entendimento novo, não é mais possível considerar que as únicas fontes históricas possíveis sejam as escritas, percebendo-se que relatos orais, objetos materiais e vestígios arqueológicos são fontes tão legítimas quanto documentos escritos, Portanto, mesmo as sociedades ágrafas são possuidoras de história.
Não é mais possível, como Hegel, entender que a África do norte ou setentrional “não é África”, mas sim parte da Europa ou da Ásia. Mesmo o chamado “modo de produção asiático” do marxismo é hoje um conceito muito problematizado para lermos a realidade de sociedades africanas, como a egípcia. Conclui-se também que a visão que inferioriza a África não é antiga, mas sim construída pelos eu- ropeus da Idade Moderna, pois, se considerarmos os gregos antigos, há grande admiração pelos povos e conhecimentos africanos, havendo fortes indícios históricos de que a própria filosofia grega tenha sido fortemente influenciada pela filosofia africana.
Há, hoje, muita produção bibliográfica e acadêmica feita por intelectuais e acadêmicos negros, e embora seja legítima a produção de história africana por parte de autores não-africanos, é imprescindível ouvir-se o que a própria intelectualidade africana tem a dizer sobre sua própria história. Considera- -se a importância da obra História Geral da África, organizada pela UNESCO, não sem considerarmos que, não obstante o seu inegável valor, ela não está isenta de críticas, conforme apontado.