#199 – George Orwell: em defesa do socialismo democrático
“Cada linha de trabalho que escrevi foi escrita, direta ou indiretamente, contra o totalitarismo”.
É comum encontrarmos essa citação de George Orwell por aí. Porém, com frequência a segunda parte da frase é omitida. O britânico escreveu, sim, para combater o totalitarismo. Mas não só. O olhar para a própria obra está no ensaio “Por que escrevo”, de 1946. E a citação completa é essa:
“Cada linha de trabalho sério que escrevi desde 1936 foi escrita, direta ou indiretamente, contra o totalitarismo e em prol do socialismo democrático”.
Orwell, vocês sabem, é autor de “1984” e “Animal Farm”, que aqui cito com o título original por razões que vocês entenderão ao longo do podcast. Não só isso. Também escreveu dezenas de ensaios que nos ajudam a compreender como a sua visão de mundo foi sendo forjada de acordo com as próprias experiências.
É um dos autores mais citados e lidos do século 20. Também é dono de uma das biografias mais desprezadas e das obras mais deturpadas desse período. Há muitas interpretações tresloucadas sobre a literatura de Orwell por aí.
Para entender melhor quem foi esse cara e quais são os caminhos legítimos para interpretar a sua obra que convidei Débora Tavares para um papo.
Débora é professora e idealizadora da Livre Literatura, plataforma que nasceu em 2020 com o objetivo de divulgar e democratizar o conhecimento produzido na universidade pública. Vou deixar o caminho do Instagram para vocês na descrição do episódio, recomendo que acompanhem o trabalho dela lá no Livre Literatura.
Débora é também mestre e doutora em literatura pela USP, onde pesquisou a obra de George Orwell e a sua relação com a História.
*** A coletânea de Brecht que menciono, organizada por André Vallias, saiu pela Perspectiva, não pela Parábola.
** O caminho para o instagram do Livre Literatura: https://www.instagram.com/livre_literatura
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#198 – Muito além do Vampiro: Christian Schwartz e a biografia de Dalton Trevisan
Dalton Trevisan se foi no dia 9 de dezembro do ano passado, apenas alguns meses antes de chegar aos cem anos.
O Vampiro de Curitiba, como ficou conhecido, é um autor central na literatura brasileira do século 20. São dele livros como “Novelas Nada Exemplares”, “Cemitério de Elefantes” e “A Polaquinha”, que começaram a ser reeditados pela Todavia.
É a mesma casa que lançará, com previsão para o segundo semestre deste ano, uma biografia de Dalton que vem sendo escrita pelo escritor, tradutor e jornalista Christian Schwartz.
É um livro que começou a tomar contornos míticos conforme o biógrafo tinha acesso à intimidade de um autor famoso pela sua reclusão. Christian pode vasculhar, por exemplo, milhares de cartas, diários e parte da biblioteca do curitibano.
No papo a seguir, Christian fala de um Dalton cheio de nuances, não reduzível a clichês que costumam ser reproduzidos por aí. Isso vale para o escritor e também vale para a literatura que deixou.
Antes do papo, um aviso. Em certo momento eu falo sobre uma biografia de Carlos Dummond de Andrade. Não lembrava do nome nem do autor do livro, então deixo aqui a referência correta: se trata de “Os Sapatos de Orfeu”, de José Maria Cançado.
** A foto usada na arte do podcast é de Dérson Trevisan/ Acervo Dalton Trevisan
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#197 – Literatura latino-americana: formas de sobreviver em tempo de catástrofes
“Se a linguagem é imaginativa, radical e criadora, ela também é performativa, abrigando em si uma potência a tornar-se realizável. Contemos com ela em todas as suas formas para viver”. É o que escreve Ellen Maria Martins de Vasconcellos em “Sobreviver nas Catástrofes: Uma Análise Literária Contemporânea”.
Ellen escreveu esse trabalho durante seu doutorado em Letras na USP. A pesquisa acabou de lhe render o prêmio que destaca teses da universidade na categoria Letras, Linguística e Artes.
Nessa tese, a autora se debruça sobre livros de nomes como a chilena Diamela Eltit, o brasileiro Julián Fuks e a argentina Samanta Schweblin para olhar de diferentes formas para catástrofes de nosso tempo.
Ellen também é professora na Unam, a Universidad Nacional Autónoma de México, poeta e já verteu para o português livros como “Gosma Rosa”, da uruguaia Fernanda Trías, publicado pela Moinhos.
Convidei Ellen, sim, para falarmos sobre sua pesquisa. Mas convidei Ellen, sobretudo, para termos aqui no podcast mais uma visão sobre literatura latino-americana contemporânea, um dos meus assuntos favoritos.
** Na arte do podcast, pintura de Oswaldo Guayasamin
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1:08:12
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#196 – Outras perspectivas para os mundos árabes e a Palestina
Publicar autores do Oriente Médio e do Norte da África, dar voz a literaturas sub-representadas no Brasil e estabelecer pontes diretas num eixo sul-sul.
Com esses propósitos que a editora Tabla nasceu em 2020. Desde então, foram responsáveis por publicar no país nomes importantes, mas até então pouco conhecidos por aqui. Falo de escritores como o libanês Elias Khoury e os palestinos Marmud Darwich e Ghassan Kanafani.
Cada vez mais gente tem prestado atenção naquele canto do mundo especialmente por conta do massacre de Israel sobre os palestinos. O trabalho da Tabla nos ajuda olhar para a história com mais nuances do que estamos acostumados a ver no noticiário.
Uma das mentes à frente do trabalho é a editora Laura Di Pietro. Com ela que conversei sobre o nascimento da Tabla, os desafios de trabalhar com literaturas pouco conhecidas no Brasil, as barreiras que enfrentam e a importância da ficção literária para a compreensão de realidades diversas.
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42:09
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#195 – Um passeio pelo mundo das HQs: papo com Érico Assis
Érico Assis é uma referência quando o assunto é HQ. Colega jornalista, desde 1999 que Érico se dedica à cobertura de histórias em quadrinhos.
Já fez e faz muita coisa. Foi colunista do Omelete e do blog da Companhia das Letras, por exemplo. Hoje toca a newsletter Vira Página, uma das minhas favoritas – também vou deixar o link na descrição do episódio – e, dentre outras coisas, dá aulas tanto de tradução quanto de tradução específica de HQs.
Sim, Érico também é tradutor. Ele que verteu para a nossa língua nomes como Alan Moore, Craig Thompson e Jeff Lemire, para citar alguns quadrinistas importantes, além de escritores como Chuck Palahniuk e Agatha Chistie.
É uma conversa em que falamos muito sobre histórias em quadrinhos, claro, sobretudo aquelas que passam longe do universo dos super-heróis. Também papeamos um tanto sobre como é a vida de jornalistas que precisam empilhar trabalhos para conseguir pagar as contas e seguir mergulhados no mundo dos livros.
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** E a news do Érico: https://virapagina.substack.com/
O Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.
Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.