O Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balõe...
#189 – Os 50 anos de As Meninas, de Lygia Fagundes Telles
Depois da nossa conversa, Nilton Resende me mandou o áudio que vocês ouvem no início do episódio. Pedia para complementar o que havia dito há pouco, no papo que batemos sobre “As Meninas”, um dos grandes livros de Lygia Fagundes Telles.
Professor de Literatura da Universidade Estadual de Alagoas, há décadas que Nilton se debruça sobre a obra de Lygia. Dessas pesquisas que nasceu a admirável edição crítica de “As Meninas” que acaba de sair pela Eduneal.
É um tijolo de quase mil páginas que, além do romance em si, traz mudanças pelas quais o texto de Lygia passou conforme a autora o retrabalhava em novas edições, uma espécie de guia cultural para compreender o universo construído pela escritora e ensaios assinados por gente como Maria Valéria Resende, Tamy Ghannam, Natalia Borges Polesso e a chilena Andrea Jeftanovic.
No volume o leitor ainda encontra um perfil de Lygia, a cronologia de “As Meninas”, material sobre a publicação da obra no exterior… É um trabalho singular que marca os 50 anos de publicação do romance.
Também diretor de teatro, roteirista e escritor, são de Nilton os livros “O Orvalho e os Dias”, de poemas, “Diabolô”, de contos, e o romance “Fantasma”. Sobre a autora que está no centro deste episódio, já tinha organizado e publicado “A Construção de Lygia Fagundes Telles: Edição Crítica de Antes do Baile Verde”.
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54:54
#188 – Livre e imaginativa: a vasta literatura de César Aira
A conversa que vocês ouvirão a seguir foi gravada um dia depois da Academia Sueca anunciar o Nobel de Literatura de 2024 para a sul-coreana Han Kang.
Não, não acreditava que o prêmio poderia ir para o argentino César Aira.
Torcia para ele, sim, para que um autor deste nosso canto do mundo fosse reconhecido, mas minha torcida não tem valido grandes coisas já faz um bom tempo. O São Paulo está aí para provar.
Com prêmio ou não, a relevância do trabalho de Aira é o que me levou a convidar Carlos Henrique Schroeder para um papo.
O Carlos é autor de livros como “As Fantasias Eletivas”, “História da Chuva” e “Aranhas”, seu trabalho mais recente. Grande leitor e muito interessado em literatura latino-americana, é um cara que conhece bastante da obra de Aira.
Não só isso. Como curador de eventos literários, já teve a chance de conviver com o argentino. Ele contará essa história no papo.
Falamos também sobre as peculiaridades do trabalho de Aira, autor de rara liberdade, dono de uma obra de facetas bastante diversas. E vasta. Já são mais de cem livros publicados.
No Brasil, Aira já saiu por algumas editoras. Quem neste ano começou a publicar parte de seus livros é a Fósforo, que lançou “O Vestido Rosa”, “A Prova”, “Atos de Caridade” e “O Congresso de Literatura” e promete colocar no mercado pelo menos mais 12 títulos do argentino.
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48:54
#187 – A literatura italiana que vai além de Elena Ferrante
Quais são os autores que lhe vem à cabeça quando falamos de literatura italiana contemporânea?
Tá, eu sei em quem muitos de vocês pensaram. Sim, Elena Ferrante é um nome incontornável. Falaremos sobre ela nesta edição do podcast. Mas iremos muito além de Elena.
A Maria Carolina Casati é uma leitora que acompanho há algum tempo. Dentre suas iniciativas está a Encruzilinhas, que discute textos sobre negritude, gênero, feminismo e militância.
A Carol está terminando seu doutorado na USP, onde desenvolve o projeto "A mulata brasiliana: escrevivência, narrativas orais e memórias de brasileiras negras na Itália que se relacionam com italianos".
A partir de conceitos de gente como Conceição Evaristo que a pesquisadora se debruça sobre a atual literatura italiana, especialmente sobre a obra de Igiaba Scego.
Igiaba é o ponto de partida para essa conversa não só sobre autores italianos que merecem a sua atenção, mas também sobre muitas questões relacionadas ao país de Dante.
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46:36
#186 – Rui Tavares e a sabedoria como caminho para a felicidade
“Em tempos de fanatismo, deixar uma porta de sabedoria entreaberta; em tempos de polarização, explorar o que há de comum entre nós; em tempos de intolerância, falar de coisas de humanidade... Em tempos de ódio, ser teimoso mas manter o bom humor perante as adversidades. E contar histórias, porque as histórias trazem consigo muita coisa agarrada. As histórias – e a memória das nossas histórias – são, afinal, o que faz de nós humanos”.
Esse trecho de “Agora, Agora e Mais Agora” (Tinta da China Brasil) parece ser uma boa definição para o que Rui Tavares faz no trabalho que primeiro deu origem a um podcast durante a pandemia e, pouco depois, virou um livro que acaba de ser publicado no Brasil.
Em “Agora, Agora e Mais Agora”, Rui percorre mais de mil anos para mostrar como alguns grandes seres humanos se portaram em momentos bicudos de nossa história.
Ao se debruçar sobre Al Farabi, por exemplo, lembra de uma espécie de iluminismo perdido do Oriente capaz de se opor a fanatismos diversos.
Historiador e político, hoje deputado na Assembleia da República de Portugal e vereador na Câmara Municipal de Lisboa, Rui olha para o passado e estabelece pontes com enrascadas que vivemos no presente.
A distância entre um pensamento mais urbano e cosmopolita de outro mais rural e conservador – e aqui faço uma simplificação canhestra – não parece muito diferente das rusgas que tínhamos entre guelfos e gibelinos na península itálica ali pelo século 12.
É entre filósofos e escritores, acima de tudo grandes humanistas, que Rui transita para criar ensaios – ou memórias, como prefere chamar – nos quais a cultura, a tolerância e sabedoria aparecem como elementos fundamentais para a construção da ideia que fazemos de humanidade e de ser humano.
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A ilustração usada na arte deste episódio foi feita por Eduardo Viana.
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55:08
#185 – A literatura e a sensibilidade de Virginia Woolf
“Mrs. Dalloway disse que ela mesma iria comprar as flores”.
Temos aqui um dos começos mais célebres da literatura na tradução de Claudio Alves Marcondes.
Clarissa Dalloway compraria flores em algum canto daquela Londres de um século atrás para a festa da noite.
É esse dia na vida da personagem que está em “Mrs. Dalloway”, um dos principais romances da língua inglesa e o mais famoso de Virginia Woolf.
Autora também de obras como “Orlando”, “Ao Farol” e “As Ondas”, Virginia é uma das gigantes da literatura no século 20.
Nome incontornável do modernismo, essa britânica que nasceu em 1882 e morreu em 1941 costuma ser lembrada pela forma como explora a consciência de seus personagens.
Há quem se intimide diante dos romances de Virginia. Mas não tenhamos medo.
A ideia do papo com Mell Ferraz é mostrar caminhos para se entender com a obra da autora.
Mell é formada em estudos literários pela Unicamp e mestre em estudos da literatura pela Universidade Federal Fluminense, onde fez pesquisas sobre o fluxo da consciência na obra de Virginia Woolf.
Desde 2010 que a Mell toca o Literatura-se, canal de incentivo à leitura e à literatura que está no Youtube e em outras redes sociais.
As marcas da escrita da Woolf, a mulher por trás da artista e outras vertentes de sua obra, como a Virginia ensaísta, também foram assuntos da nossa conversa.
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O Página Cinco fala de livros. Dos clássicos aos últimos sucessos comerciais, dos impressos aos e-books, das obras com letras miúdas, quase ilegíveis, aos balões das histórias em quadrinhos.
Rodrigo Casarin é jornalista pós-graduado em Jornalismo Literário. Vive em São Paulo, em meio às estantes com as obras que já leu e às pilhas com os livros dos quais ainda não passou da página 5.