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Ilustríssima Conversa

Podcast Ilustríssima Conversa
Folha de S.Paulo
A equipe de jornalistas da Ilustríssima, da Folha, entrevista autores de livros de não ficção ou de pesquisas acadêmicas.

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5 de 178
  • Lattes pagou o preço de ser cientista brasileiro, dizem biógrafos
    No fim da década de 1940, Cesar Lattes tinha pouco mais de 20 anos, mas já vivia anos de glória. Pouco tempo depois de chegar a Bristol, na Inglaterra, ele se firmou como um figura-chave na pesquisa sobre o méson pi, uma nova partícula atômica, descoberta que rendeu o Prêmio Nobel de Física a Cecil Powell, chefe do laboratório em que trabalhou. O próprio Lattes recebeu sua primeira indicação ao Nobel em 49, e a reputação internacional transformou o físico nascido em Curitiba e formado pela USP em um inesperado cientista-celebridade no Brasil. Comprometido a voltar ao país e usar suas credenciais para impulsionar a física brasileira, Lattes recusou convites de universidades de ponta no exterior e logo se viu mergulhado em um cipoal de burocracia, falta de recursos e instabilidade política, que culminou com um caso de corrupção, denunciado por ele, no CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), instituição que tinha se empenhado em criar. Aos 30 anos, o físico enfrentou um episódio de depressão que o obrigou a abandonar o trabalho e ir se tratar nos Estados Unidos. Tanto o diagnóstico quanto o tratamento eram muito mais frágeis que hoje, mas Lattes se deparava com os sintomas do transtorno bipolar. No centenário do seu nascimento, comemorado em 2024, o livro "Cesar Lattes, uma Vida: Visões do Infinito" (Record), revisita a trajetória extraordinária de um dos mais importantes cientistas brasileiros da história. A obra é assinada por Marta Góes e Tato Coutinho e tem organização de Maria Cristina Lattes Vezzani, a segunda filha do físico, e Jorge Luis Colombo. Góes e Coutinho, convidados deste episódio, lançam luz sobre a importância de Lattes em momentos cruciais da física do século passado, mencionam seus embates com o transtorno bipolar ao longo da vida e o situam nas tramas políticas e da ciência brasileira das décadas em que viveu.See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    44:55
  • O que explica o boom da psicanálise na ditadura militar, segundo autor
    Além de sobreviver ao regime militar, a psicanálise brasileira floresceu durante a ditadura. Esse aparente paradoxo foi um dos pontos de partida da pesquisa de doutorado de Rafael Alves Lima, professor colaborador da USP. O trabalho, publicado sob o título "Psicanálise na Ditadura (1964-1985)", compõe uma história do campo psicanalítico do país nessas três décadas, além de investigar sua configuração às vésperas do golpe de 1964. O pesquisador discute, por exemplo, as estratégias que um grupo de psicanalistas de São Paulo empregou para projetar uma imagem de prestígio e questiona o conformismo que dominou boa parte dos consultórios durante a ditadura, apesar de os militares não enxergarem os psicanalistas como uma ameaça. Neste episódio, o autor aborda a imagem pop de Freud e da psicanálise no Brasil em pleno regime militar e debate a hipótese de que o boom do campo nos anos 1970 está relacionado a mudanças mais amplas nas formas de nomear o sofrimento psíquico: em uma sociedade que se transformava muito intensamente, a psicanálise e outras terapias ofereciam uma nova gramática tanto para conceber o mundo quanto para se entender nele. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    51:21
  • Ernesto Rodrigues: Globo foi mais espelho do Brasil que Grande Irmão
    Ernesto Rodrigues, que acaba de lançar o primeiro volume de uma trilogia sobre a história da Rede Globo, diz não acreditar em isenção no jornalismo. Para ele, um esforço sincero para apresentar as várias interpretações de um acontecimento é o melhor caminho. O autor afirma ter se guiado por esse princípio ao escrever sobre os quase 60 anos da Globo, a partir, principalmente, dos depoimentos do acervo institucional da emissora. O retrato que surge do primeiro livro, "Hegemonia: 1965-1984", é mais comedido que outros trabalhos sobre a Globo. Rodrigues narra, o imbróglio relacionado ao acordo com o grupo americano Time-Life, o alinhamento de Roberto Marinho com a ditadura militar e a parcialidade em coberturas históricas, como as greves do ABC e o comício na praça da Sé em janeiro de 1984. O jornalista, por outro lado, recusa a ideia de orquestração deliberada para manipular a opinião pública do país. Em sua opinião, a Globo foi, ao longo da sua história, mais espelho do Brasil, tanto na dramaturgia quanto no noticiário, que um Grande Irmão que tentou dominar a mente dos brasileiros. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Lucas Monteiro See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    47:09
  • André Roncaglia: Agro e bets transformam Brasil em 'fazendão com cassino'
    A desigualdade brasileira tem uma gramática intricada, muitas vezes invisível às pessoas comuns. Esse é o ponto de partida de "Poder e Desigualdade", de Cesar Calejon e André Roncaglia. Roncaglia, professor da UnB e diretor-executivo do Brasil no FMI, debate neste episódio a evolução da economia brasileira nas últimas décadas. O pesquisador também discute as características do que chama de um novo espírito do tempo, marcado por um individualismo que valoriza riscos e se afasta de organizações coletivas. "Poder e Desigualdade" propõe que, com o avanço da agropecuária na estrutura produtiva do país e de bets e coaches na subjetividade dos trabalhadores, o Brasil está se transformando em um "fazendão com cassino". Roncaglia defende que, para ter chances nesse cenário, a esquerda precisa encontrar um novo discurso e passar a dialogar com as aspirações de prosperidade e de recompensa pelo esforço e pelo mérito individual, ainda que desafiando essas ideias. O pesquisador também abordou o papel da sensação de estagnação do poder de compra na vitória de Donald Trump e o que o resultado das eleições tem a dizer sobre a política econômica que Joe Biden implementou em seu mandato. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Lucas Monteiro See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    49:07
  • Tiago Rogero: Brancos são o grupo identitário dominante no Brasil
    Em 2018, Tiago Rogero ouviu a escritora Conceição Evaristo falar, em uma palestra, que as escolas brasileiras ensinavam a Revolução Farropilha, no Rio Grande do Sul, mas não a Revolta dos Malês, levante de escravizados de Salvador em 1835. O jornalista diz que, depois disso, passou a pensar nas histórias nunca foram contadas ou silenciadas sobre a herança africana do país. Dessa inquietação, surgiu a ideia se debruçar sobre o passado do Brasil a partir das experiências e do protagonismo de pessoas negras. Nasceu assim o projeto Querino, investigação jornalística coordenada por ele que resultou em um podcast narrativo de oito episódios, lançados em 2022. A série em áudio acaba de virar livro pela Fósforo. O espírito da obra é ampliar e aprofundar questões e temas discutidos no podcast, mantendo a estrutura e o tom que centenas de milhares de ouvintes conhecem bem. Rogero, hoje repórter do jornal The Guardian, fala neste episódio sobre os desafios que enfrentou para transpor o áudio para o registro escrito e discute a dificuldade do Brasil de lidar com o passado escravocrata e reconhecer como africanos e seus descendentes forjaram o país. Ele diz que os brancos são o grupo que sempre dominou a pauta identitária brasileira e defende que a luta compartilhada com outros grupos étnico-raciais é essencial para o movimento antirracista hoje. Produção e apresentação: Eduardo Sombini Edição de som: Raphael Concli See omnystudio.com/listener for privacy information.
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    44:55

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