#124 – Há um momento em que a escrita se torna inevitável.Em que o esforço para escrever se dissipa no hábito.Não é que o processo se torne automático. Enquanto gesto, ele será sempre ativo. Ele preservará sempre a sofisticação, o cuidado necessário para se desenvolver. Ele continuará dinâmico, animado por suas próprias metamorfoses.Mas algo se dá, e é quase como se o autor, a autora, fossem interlocutores da obra — não donos, mestres ou proprietários.Dirigimo-nos à nossa criação com uma pergunta, uma sentença. E a obra nos responde.Há um momento em que a escrita não se torna apenas possível.Ela se torna inevitável.No novo episódio do Prelo, refletimos sobre o instante em que a escrita abandona o estágio de mera possibilidade. Como reconhecer esse ponto de virada? E o que ele revela sobre o processo criativo?
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Realidade Psíquica: O Inconsciente Criador e as Viagens no Tempo do Escritor de Ficção Científica Philip K. Dick
#123 – Você encontra nas redes sociais a referência a um livro do qual nunca ouviu falar. O título, Como construir um universo que não se desfaça dois dias depois, te deixa completamente encantado. De algum modo, ele conversa com aquilo que você tem estudado, pensado, elaborado dentro e fora de sua prosa. Dois dias depois da chegada do livro à sua casa, você tem um sonho. Nesse sonho, você está construindo uma montanha-russa, que é parte integrante de uma formação sua sobre escrita. Embora publicado na década de 1970, o livro fala com uma clareza assombrosa do mundo que você e eu estamos vivendo. O que é a realidade? O que é um ser humano autêntico? São as perguntas do autor, que escreveu também Ubik, Minority Report, O Homem do Castelo Alto, Androides Sonham com Ovelhas Elétricas? (que virou “Blade Runner” no cinema). Você lê o pequeno ensaio, o livrinho que cabe na palma da sua mão. Você o relê alguns dias depois. E à medida que o tempo passa, tudo o que está no livro começa a ganhar vida.No novo episódio de Prelo, converso sobre a realidade psíquica e ficcional, a lucrativa fábrica de realidades falsas do nosso tempo, e de como a ficção guarda segredos que fariam inveja a qualquer Tirésias de plantão.
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Acolher a Mudança
#122 – Convenhamos. Mudar não é fácil. As dúvidas irão certamente nos tomar de assalto. Tem certeza? E se isso, e se aquilo? Medo de não dar certo. De não ser bom o suficiente. Medo de decepcionar a si mesmo. Consciência de um risco, das feridas narcísicas. De confirmar os piores temores. É muito mais fácil ficar parado. Na posição vantajosa em que tudo é possível, mas nada foi feito. No ponto zero, em que tudo é apenas virtual. Em que o devaneio toma o lugar da materialidade das coisas. Se você tem pensado em mudar de cidade ou de país; se quer mudar de carreira; passar a morar sozinha ou a uma vida a dois, deve estar lidando com os efeitos colaterais da mudança. E se essa transformação, esta mudança, envolve assumir para si a escrita de seu livro, o frio na barriga não é incomum. E apesar da hesitação, a mudança é a semente da maturidade, da realização. Acolher a mudança não significa necessariamente a submissão à lógica liberal de adaptabilidade irrestrita. Ela pode ser o modo de entender a idade em que estamos. A passagem do tempo, e a transformação das pessoas à nossa volta. Escrever um livro tem tudo a ver com isso. E por isso, dediquei um episódio a este tema: como acolher a mudança. Por estranho que pareça, a fluência de um texto depende desta elaboração. Desta bonita coragem.
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Habitar o Hábito: o método gradual e radical para fazer da escrita uma prática regular
#121 – É possível escrever com regularidade e não perder a mão do desejo original da escrita? É possível transformar a escrita em um ofício, e inventar com a liberdade do tempo livre? Como fazer isso?Neste episódio, Tiago Novaes propõe uma reflexão sobre como transformar a escrita num hábito prazeroso, consciente e enraizado.A partir de experiências pessoais e conceitos da psicologia e da psicanálise, ele compartilha caminhos para construir um sistema criativo sustentável — sem culpa, sem metas inalcançáveis, mas com presença e profundidade.🌱 Ideal para quem quer retomar (ou finalmente começar) o romance que vive dentro de si.🎧 Dê o play e venha habitar o hábito.
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Começar a Escrever: Como (não) falar de si mesmo
#120 – Recentemente, numa visita à biblioteca da minha nova cidade, topei com uma edição d'As aventuras de Tom Sawyer, um clássico de Mark Twain. Logo no prefácio, o autor esclarece: Tom Sawyer existiu. Mais que isso – foram muitos os colegas de infância que inspiraram a criação do personagem.O protagonista e suas peripécias são o resultado da combinação de lembranças pessoais e impressões dos amigos de escola. O pulo do gato: além de testemunho, o clássico é também invenção. O vivido, nas páginas de um livro, é uma argila que pode tomar outras formas. Ao falar de si mesmo, de si mesma, temos um problema. Somos nós mesmos o tempo todo. Seja escolhendo o próximo filme a assistir no serviço de streaming ou amarrando um cadarço, não conseguimos deixar-nos de lado. Sou eu ali, escrevendo, mesmo quando para me libertar de mim mesmo. Sou ali ao falar de um terceiro, projetando meus desejos e receios. E nesta insistência, posso despejar no papel a minha própria compulsão e banalidade.Byung Chul-Han diria que vivemos em um tempo de transparência e exposição. Como se o individualismo e o ensimesmamento, valores de uma sociedade de consumo, colocassem em risco a nossa própria materialidade. Para existir, precisamos mostrar que estamos vivos. "Compartilhar" impressões, opiniões, credenciais. Há quem diga que a autoficção, como novo gênero romanesco, surgiu nesse contexto. Em contrapartida, não há como refutar que a nossa voz e presença são o sal do nosso texto. Sem o autor, a obra empalidece, torna-se inexpressiva. Se você exagera no sal, a tal "voz narrativa" pode soar a um locutor esportivo, tentando colocar palavras na boca do texto. Sem ela, uma inteligência artificial qualquer poderia substituí-lo. No novo episódio do Prelo, falamos das armadilhas da autoficção. Mas também de como a escrita, como ato revolucionário, nos abre uma possibilidade fascinante – se os limites do nosso mundo são os limites da linguagem que temos à disposição, escrever é a melhor maneira de ampliar o horizonte e o entendimento. Produção e edição de áudio: Fábio Corrêa
Prelo apresenta os recursos e reflexões para que escritores possam construir uma disciplina autoral, escrever o seu livro e publicar da melhor maneira possível. Se você nutre o desejo de escrever uma obra de ficção ou não-ficção: um romance, um livro de contos, uma peça de jornalismo literário, um ensaio, uma saga distópica, a narrativa de uma viagem, uma obra infantojuvenil ou um projeto autoficcional – ou se já publicou uma obra e gostaria de sanar as lacunas de sua formação –, você está no lugar certo. Prelo é um podcast quinzenal com o escritor e professor de criação literária Tiago Novaes, autor de uma variedade de livros, finalista dos maiores prêmios literários e vencedor de uma série de bolsas de criação. Combinando entrevistas com grandes escritores, editores e críticos, reflexões pessoais, leituras e experiências concretas na literatura, Prelo oferece os caminhos para que você possa vencer as bolhas do mercado editorial, compreender os segredos da Escrita Criativa e construir o seu projeto ficcional – da ideia original à publicação, da inspiração ao cotidiano de um escritor em tempo integral. Clique agora no botão de inscrição e assuma o seu desejo de tornar-se uma escritora ou escritor.