O Brasil e o mundo têm de conversar e de reconversar mais. É preciso avançar em territórios novos do pensamento, em busca da justiça social, e resgatar valores ...
Juliana Borges, feminista e negra, relê universal e particular com Reinaldo e Walfrido | Reconversa 77
“Reconversa” tem um bate-papo espetacular com Juliana Borges, autora de “Encarceramento em Massa”. Trata-se de uma das trocas — a palavra é mesmo essa — mais fascinantes dos 77 episódios deste podcast. Juliana nunca deixa a prosa se perder no frouxidão. Ela poderia ter feito carreira acadêmica investigando os etmos — e isso já seria grandioso! — estudando letras clássicas na USP, mas preferiu enveredar pela sociologia e pela antropologia e escreveu um livro que desafia algumas convenções sobre segurança pública. Se alguém sentiu a tentação de marcá-la como uma militante identitária e intolerante, diga-se à partida: trata-se de um erro colossal. Ela encarna as dúvidas e as respostas de um país que tem de se reconciliar, mas sem conciliar com as iniquidades. Este “Reconversa” e esta conversa são um presente do bom pensamento às nossas ansiedades.
Juliana Borges é pesquisadora em Antropologia na Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo. Feminista e autora de "Encarceramento em Massa", da Editora Jandaíra.
--------
1:45:30
Jessé Souza com Reinaldo e Walfrido: reveladas as raízes do pobre de direita no Brasil. Episódio 76
Tivemos uma conversa imperdível com Jessé Souza, autor, entre muitos outros livros, de “O Pobre de Direita – A Vanguarda dos Bastardos”. O livro conta, já na capa, com uma indagação eloquente, que vem como promessa de resposta: “O que explica a adesão dos ressentidos à extrema-direita?” Esse foi o fio condutor de nosso papo com Jessé. E tivemos de escarafunchar as raízes da exclusão no Brasil. O problema não está apenas no modo rancoroso como a elite enxerga “os bastados”, mas também nos olhos generosos com que vê a si mesma. Dado esse pobre de direita que hoje deixa a sua marca na política brasileira — e nas eleições —, uma pergunta antiga ressoa: “O que fazer?” A conversa persegue essa resposta. É preciso ver.
--------
1:40:26
Fukunaga, presidente da Previ, o maior fundo de pensão do país, com Reinaldo e Walfrido. Episódio 75
João Fukunaga é presidente da Previ, o fundo de pensão dos trabalhadores do Banco do Brasil, uma das principais referências de governança corporativa no país. A carteira de ativos do fundo é de espetaculares R$ 300 bilhões, o que lhe permite ter assento hoje no conselho de algumas das principais empresas do país. A Previ integra consórcios que disputam leilões de privatização Brasil afora. Sua presença nos certames costuma ser vista como atestado de seriedade do processo. Pode-se fazer uma outra síntese: a entidade nascida da organização sindical, que não é estranha a uma visão progressista de mundo, é um exemplo de eficiência capitalista com olhar social.
--------
1:29:47
Marconi Perillo diz a Reinaldo e Walfrido que os tucanos ainda não desistiram de voar | Reconversa 74
Hoje presidente nacional do PSDB, Marconi Perilo já foi deputado, senador e governador de Goiás por quatro mandatos. Era uma jovem estrela em ascensão ao tempo em que Sérgio Motta ainda dava as cartas no partido. Os tucanos foram protagonistas de momentos cruciais da história do Brasil, especialmente nos dois mandatos de Fernando Henrique Cardoso, que concorreram para consolidar o Plano Real e para fortalecer a democracia. Aí vieram a era petista, a Lava-Jato e o bolsonarismo, e parece, como escreveu o poeta, que todas as virtudes se negam à legenda. Não há dúvida de que estamos falando de um ente com um grande passado, mas terá algum futuro? Que lugar ocupa no espectro ideológico? Uma aliança com Lula é impossível?
--------
1:35:46
Eduardo Paes com Reinaldo e Walfrido: o centro-progressista sem medo de ser feliz. Reconversa 73
Eduardo Paes (PSD) se reelegeu prefeito do Rio com 60,47% dos votos válidos e, no berço político de Jair Bolsonaro, desmoralizou a tese, desde sempre furada, da polarização. Teve o apoio explícito do presidente Lula, mas também de boa parte de alguns dos nomes mais influentes de denominações evangélicas. Nomeado pelo eleitorado pela quarta vez, é evidente que é lembrado para disputar o governo do Estado daqui a dois anos, eleição que lhe foi tirada em 2018 por uma das patranhas sórdidas da Lava Jato. Será que ele quer? Lembram da gravação criminosa de uma conversa sua com Lula, em que falava de Maricá? Paes respondeu à história com música. Em parceria com Marquinhos de Oswaldo Cruz e Arlindo Cruz, surgiu um samba em homenagem à cidade: “Eu já rodei o mundo e posso afirmar/não existem mais estrelas no universo/do que no céu de Maricá (...)” A boa política pode vencer as hostes do ódio. Nem sempre com música, mas sempre com clareza. Imperdível.
O Brasil e o mundo têm de conversar e de reconversar mais. É preciso avançar em territórios novos do pensamento, em busca da justiça social, e resgatar valores da democracia e do estado de direito, agredidos pela cultura do ódio como ideologia. É nosso ofício aqui. Reconversemos, pois. Ouça aqui o Reconversa, programa de entrevistas em parceria com Walfrido Warde. Sempre com um entrevistado relevante no cenário político, social e cultural.