CORTE 1 | 2STP #4 | Sobre pés, botas e cadeiras
Corte do episódio 02 STP#4 │ Design de pés descalços: Lendo Tim IngoldAgora, além do episódio tradicional, teremos cortes de até 10 minutos para facilitar ainda mais o seu acesso ao melhor do design! 🔥Participantes: Maria Eduarda Belém, Fábio Santana e Cris IbarraMúsica principal: Tonho Nolasco │Música da sessão de redes sociais: Modern Jazz Samba - Kevin MacLeodEdição do programa: Hércules Monteiro e Cris Ibarra ----Transcrição do corte:o sair do chão além de gerar botas e sapatos, vai gerar também as cadeiras. E as cadeiras vão ajudar nessa situação do ato de viajar, que Ingold nos apresenta e também desenvolvem críticas e traz outros viés aí que vai construir essa sociedade sentada, que viajar você só tem que prestar atenção no seu destino final, você não presta atenção na paisagem, naquilo que está te afetando, para não influenciar naquilo que você vai produzir quando chegar no seu destino final. Enquanto que o caminhar tem que ser aquela caminhada de maneira bastante corporificada, dialogada com a cada passada que a gente vai construindo. É por aí. Cris Ibarra: Isso, nas viagens ele fala aqui, em relação às viagens, ele diz: “somente quando a mente está em repouso, não mais sacudida e abalada pelos deslocamentos físicos do seu alojamento corporal, ela pode operar adequadamente. Enquanto estiver entre um ponto de observação e outro, ela está efetivamente incapacitada.”. Esse era o pensamento daquela época. Então era uma negação do movimento, do movimento que estava separado do ato de pensar e que não só separado, que ainda estava atrapalhando, é o pensamento, basicamente, esse lado cognitivo, essa parte cognitiva.Maria Eduarda: Ele mais na frente, inclusive, dando um pulo bem grande, mas a gente faz que nem ele vai e volta, né? O Ingold, ele coloca aqui que a locomoção, não a cognição, deve ser o ponto de partida para o estudo da atividade perceptível. Então ele vai muito fortemente de encontro a essa percepção aí que é posta, porque ele diz que é a condição, se não é conom, é da construção da percepção e dessa atividade do conhecimento, da inteligência, à locomoção. Então você não pode ignorar que você está em movimento. E essa interação da gente, em movimento, é que vai construindo o entorno, né? O mundo que a gente vive, o ambiente que a gente está. É engraçado que ele traz mais à frente o Goffman, que é cara que fala, bom, a gente colocou as calçadas, está tudo pavimentado, então andar ao invés de ser uma coisa atropelada, ai meu Deus, eu vou pisar numa poça de lama, eu vou cair… ficou uma atividade onde você tem que se preocupar, na verdade, em olhar, né? O caminhar nas cidades modernas virou uma atividade mais do âmbito visual, né? E você socializar através do caminhar com o olhar. Muda também essa história, né? Então tem uma coisa assim do foco de onde você está olhando. Você não olha mais para o chão. Se você for olhar para o chão é para ver se tem algum sujo, alguma coisa que tropeçou e tal, não sei o que. E aí, me chama a atenção essa ideia de associar o chão a um lugar que você olha porque tá sujo, porque tem alguma coisa errada que vai atrapalhar o caminhar, né? Isso é muito, acho que flagrante desse pensamento, dessa visão moderna, né? Inclusive um pouco… A visão permanece suprema, ele fala aqui. É como se você olhasse só para os outros e tem a coisa de ver e ser visto, né? E o chão só ali, naquele momento, você olha para o chão só para ver se tem alguma coisa ruim, né? Cris Ibarra: Ruim, exatamente. Mas é uma percepção meio que cortada, assim. Não é a percepção de sentir realmente o...