Responsabilidade, o ideal do nosso existir
Todo domingo os gansos se reuniam num quintal, junto a uma gamela. Um dos gansos, o “pregador”, subia com dificuldade à barra mais alta da cerca e exortava os gansos, falando das glórias da “gansidade”. Ele lembrava a seus ouvintes como era maravilhoso ser ganso, e não uma simples galinha ou um reles peru. Lembrava aos gansos sua grande herança e falava das maravilhosas possibilidades do futuro.Ocasionalmente, enquanto ele pregava, um bando de gansos selvagens passava voando, indo da Suécia, atravessando o Mar Báltico, para a ensolarada França, passava bem alto, a centenas de metros de altura, formando um perfeito V. Quando isso acontecia, todos os gansos no quintal olhavam para cima e diziam uns aos outros, entusiasmados: “É assim que somos, na verdade. Não fomos feitos para viver neste quintal fedorento. O nosso é voar”.Mas logo os gansos selvagens desapareciam de vista, seus grasnados ecoando no horizonte. Os gansos do quintal olhavam à sua volta, viam o seu mundinho familiar, suspiravam, e voltavam à lama e à sujeira do quintal.Nunca voaram! (Soren Kierkegaard).