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Poesia Quase Todo Dia

Eduardo Furbino
Poesia Quase Todo Dia
Último episódio

18 episódios

  • Poesia Quase Todo Dia

    circunavegação do rio

    17/9/2025 | 0min

    nada dura, estela,escuta:ontem (era quarta)o pássaro no chão pesava opeso de um pássaro,mas hoje pesa tambémmenos que o ar,pois voaas coisas,mesmo as mesmas,mudam This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit newsletter.eduardofurbino.com

  • Poesia Quase Todo Dia

    a fé é o enfeite da espera

    30/7/2025 | 1min

    o ritual pede sangueseu e meumas não fala de facasnem especifica se deverá ser cortadaa pelea vela branca é branca porquese diz puraos lençóis são brancosa espuma do mara esclera do olhomas não a bocaa boca é vermelha feito um rimfeito o sol de cubatãoo sangueo ritual pede uma ofertaouro e mirra ou leite maternoconcedo aos deuses essa dançaa fé é o enfeite da esperaa mão que zarpa em vontadespestaneja diante do desejoo ritual pede que se carreguesobre os lábioso gosto do beijoamparados pelo que nos contaramsobre o fim dos temposnos separamos empedaços de esperançae sonhamos(um band-aid é comoo embrulho da dore a pele está de fatocortada)combalidos deitamosno corredor frio da casae tudo ao redor girae não há nenhuma casao chão as costas os bruçosé tudo o que temoso ritual requer um pedidodepois de muito pensaro encontramossanto antônio não foi feito santopor atos pregressos mas pela promessa de um futuroe ancorados nisso pedimospor tempo This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit newsletter.eduardofurbino.com

  • Poesia Quase Todo Dia

    pantera comum

    15/7/2025 | 2min

    certa vez (você se lembra?)nós dois estávamos na mataperto da roça onde morava seu paie avistamos ali a primeira onça danossa infância e ela meu deus era belae terrível mas ninguém nos acreditounão te vejo maisnão lembro mais do seu nome (perdoa)eu era apenas isso mesmo um menino econtinuo sendo exatamente um homemburro como meus outros homensmeus pés se parecem e muitocom os pés dos que vieram antesporque pisam suas estradasporque minas é agora uma memória distantee quando lembro de mim é como se olhasseum mapa onde não houvesse nortesescrevo cada vez mais sobreo que deixei para trás e isso pareceuma tentativa de arrancar fora a culpapor ter fugido de tudo e abandonadotodo mundo num estado da federaçãoonde nada mais voltará a ser sólidoonde a física serve para disporno espaço todos e tantos corpos(eu matei muita gente me desculpemas matei porque quis entãotalvez não tenha culpa mas simum monte de mérito por ter saídovivo impune e fabulosamente colorido) rezo toda as noites a nossa senhorana esperança de que ela ouça melhor do que lêporque o que escrevo é prece para outro deuse não deve castigar os olhos de uma mãeo que escrevo é um grande felinoprestes a desaprender as jaulasa onça teria sido tão terrível seeu não amasse a vida mais do queamo quinze pares de dentes?hoje eu diria que entre a boca e a vidahá pouca ou nenhuma diferençae certamente a desafiaria mas não porimprudência ou coragem nem porter assistido a todos aquelesprogramas dublados do animal planethoje me enfiaria em sua bocado mesmo modo que enfio na minhatanta gente que igualmente me mete medosó pelo desejo de provar seu gostoe pela vontade de saber se um diahaverá quem sacie minha fome sem quecom isso eu me condene ao comê-lo This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit newsletter.eduardofurbino.com

  • Poesia Quase Todo Dia

    o rio de janeiro não é tão bonito assim

    25/5/2025 | 1min

    este é “asinino”, um poema que escrevi este ano, em 2025. espero que goste.— o rio de janeiro não é tão bonito assim você é maluco você tem um pau do tamanho do mundo mas não é tão inteligente quanto pensa ninguém me come com as mãos como você me come com os olhos eu triste irresoluto e no teu colo sou um cavalo de fogo um jóquei um caubói desmemoriado transmutado em burro queria ter mais dentes na boca queria que da saliva se fizesse o látex e então transpor limites como quem desvia um rio tão grande que abarcaria uma depressão a que chamam chapada mas que aqui tem outro nome o sol roda ao redor de si aprendi e isso é o melhor que me vem em mente ao ter que descrever como orbito essas ideias suas mãos sujas e a sarjeta da nossa senhora que tanto me abriu as pernas como uma puta que me convida ao útero e nós a gente é o quê? somos a cidade e a falta as cornucópias a pedra sabão as ladeiras e em outras vidas seremos o mar árido de dois mil e cinquenta estou deitado como estive deitado a vida inteira à espera com medo e desejo carregando a vontade de viver o novo e eu e você somos o quê? cordeiros imolados a prole de cassiopeia uma peça vintage no fin de siècle as marcas de corte nos meus dedos foram todas feitas por besteiras por buchas ensaboadas raladores maçanetas janelas volantes finas folhas de papel mas a todos direi que nada aqui é fruto do acaso não direi que meu corpo é inteiro premeditado e que essas mãos rasguei tentando This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit newsletter.eduardofurbino.com

  • Poesia Quase Todo Dia

    a voz é a coisa mais bonita que uma boca pode fazer sozinha

    21/5/2025 | 1min

    “violinista nos cobogós” é um poema que escrevi este ano. espero que goste.o que você acha dessas coisas todas que fizemos? há um imóvel no centro onde as escadas têm mais cupins do que há moradores no centro e as asas deles cobrem o chão como saias caídas de virgens guardanapos num restaurante chique há certas coisas tocando o chão que foram destinadas à boca há bocas que desconhecem seu papel e por isso na praça ao lado dos imóveis vazios pode-se ver pessoas esfomeadas com a mesma naturalidade que se vê atrás dos vidros de shoppings barrigas cheias e cabelos armados de laquê (o cuspe das madames contém mais calorias que muitos ceps) a última vez em que fui a uma ópera chorei (me senti old money) nunca chorei em jogos de futebol choro em filmes com músicas não choro lendo livros de certa forma homens e palavras não me causam nenhum espanto mas a voz sim a voz é a coisa mais bonita que uma boca pode fazer sozinha quase todas as outras belezas demandam dois ou mais pares de bocas mas ainda há palavras belas o bastante para serem ditas em solidão como um nome próprio ou a estrofe final de um poema do arvis viguls que diz: determinam a idade de um cavalo pelos dentes, a idade das dores – pelas cicatrizes e, no entanto, ainda sou muito jovem aqui – e isso precisa ser dito num sussurro – ainda há espaço de sobra This is a public episode. If you would like to discuss this with other subscribers or get access to bonus episodes, visit newsletter.eduardofurbino.com

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Sobre Poesia Quase Todo Dia

este é o poesia quase todo dia, um podcast onde te entrego poesias e prosas curtas escritas por mim, eduardo furbino, um escritor & artista visual mineiro que vive no rio. vez ou outra, leio também textos de pessoas que me inspiram. veja mais poemas no instagram: @efurbino newsletter.eduardofurbino.com
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