A música ajudou ele a superar o abuso da infância
Geovanne cresceu acreditando que podia ser qualquer coisa, até que o mundo mostrou que não seria tão simples. Aos 9 anos, e depois aos 13, ele viveu situações de abuso sexual, algo que ninguém da sua idade deveria viver. A partir de então, o silêncio virou sua forma de sobreviver. O menino falante e dedicado na escola se calou, se afastou da mãe, do irmão, dos amigos que nunca teve.Geovanne cresceu achando que o erro era ele, que sentir nojo, medo e vergonha de si mesmo era normal. Sua vida na escola não o ajudava também, o bullying era constante e virou agressão física. Jogaram 💩 no carro da mãe, bateram nele, o trancaram em uma caixa. Ele era um corpo que apanhava e uma mente que tentava esquecer.Quando tudo parecia se repetir, o medo, o isolamento, o vazio, ele encontrou uma brecha de luz. No Liceu de Artes, em Manaus, conheceu o teatro, a música e pessoas que, pela primeira vez, o faziam se sentir parte de algo. Ali nasceu o Number Teddie, nome que inventou pra se esconder, mas que acabou sendo a forma de se mostrar.Com o tempo, escrever virou o que mantinha o Geovanne de pé. A música se tornou o lugar onde ele podia dizer tudo o que sempre teve medo de falar. Foi escrevendo que entendeu que não precisava ter vergonha do que viveu na infância. Quando lançou “Todo Homem Faz”, uma canção sobre o abuso que sofreu, Geovanne chorou. Pela dor, mas também pelo alívio. Pela primeira vez, o medo deu lugar à coragem. Pela primeira vez, ele se viu inteiro.Hoje, Geovanne, ou Number Teddie, canta não porque esqueceu, mas porque sobreviveu aos seus traumas. E entende que o maior poder que tem é ser quem é: sem medo, sem vergonha, sem silêncio.