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Histórias para ouvir lavando louça

ter.a.pia
Histórias para ouvir lavando louça
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5 de 198
  • Aos 4 anos, ela fugiu de casa para poder sobreviver
    Aos 4 anos, a Stefany era obrigada a vender balas no calçadão de Campo Grande, no Rio de Janeiro. Um dia, ela tomou a decisão que mudaria tudo: decidiu que não voltaria mais para casa. Era mais do que uma fuga, era um grito por socorro.Criada pelos avós, depois que a mãe foi internada por ser dependente química, Stefany cresceu em um ambiente instável e perigoso. A avó era sua única referência de proteção. O avô era agressivo, os tios estavam envolvidos com drogas. Na casinha pequena que eles viviam, moravam umas 11 pessoas. Quando ela passava da sala pra cozinha, encostavam nela e a assediavam. E ninguém fazia nada.Sua fuga aconteceu depois da morte da avó. Stefany pegou um ônibus sozinha e foi até a praia. Ela ficou na areia até escurecer, quando vieram dois guardinhas. Ela só dizia que não queria voltar pra casa porque seu avô iria te bater. A partir disso, a vida da Stefany mudou. Ela foi encaminhada a um abrigo, onde começou o difícil processo de adoção.Dos 5 para os 6 anos, ela foi adotada por uma família extremamente amorosa, mas o medo de ser devolvida, de incomodar, se fazia presente. Stefany não falava dos seus desejos. Só anos depois teve coragem de dizer que sonhava fazer aulas de dança ou visitar alguns lugares. A arte foi seu refúgio. A música chegou pelas mãos do pai adotivo, um homem doce, que tocava em asilos e abrigos. Ele a incentivou a experimentar instrumentos até ela se encontrar na viola (pros leigos, é tipo um violino grande). O dia mais esperado era o da sua apresentação com a orquestra da cidade, mas o pai não chegou a assistir. Ele havia partido repentinamente. Ali ela se perguntou se deveria continuar tocando, já que sua maior inspiração se foi.Mas voltou. Com o apoio dos amigos, seguiu estudando e tentando uma vaga na @ojesp_.E conseguiu!A Stefany toca em uma das melhores orquestras jovens do país, na @salasaopaulo_. A música a salvou e a curou de traumas que ela talvez nunca superasse sozinha. Hoje, Stefany segue na música. Sua realização é essa: tocar com amor, como seu pai a ensinou.
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    8:28
  • Eu cheguei a pesar 200kg por não aceitar quem eu era
    Aos 40 anos, Aine finalmente teve coragem de se olhar no espelho e se reconhecer. Antes disso, a vida parecia uma longa espera para morrer. Ela chegou a pesar quase 200kg porque não se aceitava enquanto uma mulher trans. Era como se, inconscientemente, estivesse destruindo o corpo que a sociedade dizia que ela devia ter, mas que ela não suportava habitar.Desde criança, Aine sabia quem era. Aos 6 anos, pediu para experimentar uma sandalinha que a prima usava, e levou uma bronca da mãe. Foi naquele momento que ela entendeu que sua identidade precisava ser escondida. Trancada no quarto, ela se vestia escondida, se olhava no espelho em segredo. Por dentro, sentia-se errada. Mas, no fundo, sabia: ela era uma menina.Com o tempo, surgiram as dúvidas, os desejos, a incompreensão de quem via nela uma amiga, mas nunca um namorado. Foi na internet que ela conheceu sua esposa, e foi com ela que começou a se libertar. Começaram como amigas, viraram namoradas e, em 2007, se casaram. Aine ainda não tinha se assumido, mas Alexandra sempre soube da sua identidade. Dentro de casa, ela já era quem sempre foi.Mas por fora, a dor era grande. A cada ano, o peso aumentava. Dez quilos por ano. Até que um médico disse: "Se você não emagrecer, não chega aos 50 anos." O baque foi tão grande que ela decidiu: precisava cuidar da saúde, não por estética, mas porque queria viver. E viver sendo quem era.Veio a bariátrica, vieram os procedimentos, a terapia, a transição, as cirurgias, o cuidado com a pele, os cabelos, o corpo. Enquanto ganhava vida, Aine perdia privilégios. A fama, que veio com o sucesso de seu canal geek no YouTube, se esfarelou muito rapidamente. Ela, que era convidada por grandes marcas como Netflix, Disney e Paramount, passou a ser ignorada. Bastou um vídeo se assumindo. Mas a internet, que antes a aplaudia, virou as costas: 6 mil inscritos a menos em um único dia. E com eles, os contratos, os convites, o sustento.Mas Aine não se arrepende. Porque hoje, ela vive. Hoje, ela é mãe. Hoje ela é a mulher da sua vida.
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    7:12
  • Pichava para esquecer a dor do abuso que vivi na infância
    Weverton cresceu carregando dores que nem sabia nomear. Criado com os irmãos até os 10 anos, foi separado deles quando os avós se divorciaram. Acabou na casa da vizinha, onde viveu um terror calado: o filho dela, mais velho, o ameaçava e abusava dele.Foi também esse garoto quem apresentou a pichação. E Weverton usou isso como moeda: ameaçou contar tudo se não o levassem pra pichar. Assim nasceu o desejo de escrever nos muros. Primeiro os nomes dos irmãos, por saudade, pra descontar a dor. Depois, veio a paixão real.Mais tarde, reencontrou a mãe, que abominava a arte e o agredia. Apanhava do padrasto também. Na rua, encontrou mais paz do que em casa. Viu nas ruas perto de casa dois grafites assinados por “Gueto” e “Finok”, artistas chamados Rafael. Decidiu que daria ao seu filho esse nome.Casou aos 18, teve dois meninos. Em 2017, tudo desmoronou: a mãe das crianças o deixou. Sem dinheiro, entregou a casa onde morava. No fim era ele, os dois filhos, uma geladeira e uma cama de solteiro.Na pandemia, vivia numa pensão com os dois filhos muito pequenos e faxinava o espaço pra pagar o quarto. Até que um comerciante viu um de seus desenhos e o contratou para pintar a fachada de uma loja. O trabalho garantiu três meses de aluguel. Três meses de aluguel pagos com arte!Aos 30 anos, foi chamado pela Hurley para uma colaboração nacional. Sua arte estaria estampada em roupas vendidas em shoppings de todo o Brasil. Um menino que tomava conta de carro pra comer pastel na feira, agora tinha sua assinatura vendida como arte.Mas seu maior orgulho são Rafael e Guilherme, os filhos que o mantêm de pé. Os dois únicos que estiveram ali em todas as fases. São eles que dão sentido à vida, que impedem que ele caia. O abraço, o beijo de bom dia, o afeto. É disso que a casa dele é feita. Pode faltar tudo, menos isso.Poisé, seu nome artístico, nasceu de um sonho: um primo falecido aparece soltando pipa. No céu, o nome: Poisé. Ele diz que a vida de Weverton mudaria. E mudou.A arte, que tanta gente marginaliza, salvou. Porque quando a nossa vez chega, ninguém segura.
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    8:41
  • Joana da Paz: a história real que inspirou o último filme de Fernanda Montenegro
    Joana da Paz tinha 80 anos quando decidiu comprar uma câmera e filmar, da janela do seu apartamento em Copacabana, o tráfico de drogas que operava ali a céu aberto. O que parecia cena de ficção virou realidade quando suas fitas chegaram à Polícia Civil e, logo depois, às mãos do jornalista @fabiogusmao.Ele se lembra do impacto de ver as imagens pela primeira vez: homens armados passando pela ladeira, e uma voz trêmula, mas determinada narrando a rotina do crime, enquanto pedia por ajuda. Era ela, Dona Joana. A verdadeira história, Fábio entendeu, não estava na rua. Estava dentro do apartamento. Na dor, na coragem, no isolamento de quem decidiu agir quando ninguém mais fazia nada.Por segurança, Joana virou "Dona Vitória" na reportagem. Durante meses, Fábio a acompanhou de perto: café, biscoito recheado e longas conversas. Ela queria ver sua história publicada. Queria justiça. Mas não entendia os riscos. Só aceitou sair do apartamento quando conseguiu vendê-lo. E foi aí que tudo começou: uma grande operação foi deflagrada, resultando em 27 mandados cumpridos, 9 contra policiais.A matéria saiu em 2005 e parou o Brasil. Sem redes sociais, viralizou na imprensa. Joana, ainda anônima, foi entrevistada pelo Fantástico. Disse estar com a alma lavada.Depois, entrou para o Programa de Proteção à Testemunha. Mudou de cidade, reconstruiu sua vida e, mesmo longe, nunca perdeu o vínculo com Fábio. Dona Joana morreu em 2023. E hoje, a história que ela tanto quis contar virou filme, com @fernandamontenegrooficial no papel que Dona Joana sempre sonhou: o dela mesma.A mulher que filmou o crime da sua janela queria ser vista, hoje o Brasil inteiro pôde enxergá-la e agora ela será eternizada pela atuação da Fernandona. Compre o livro que inspirou o filme aqui: https://amzn.to/42tkFmo O Oxxo é o parceiro que está apresentando a história da Joana da Paz no podcast. O Oxxo também está sempre pertinho para salvar a gente no dia a dia. Saiba mais em http://instagram.com/oxxobrasil. #VemProOxxoRoteiro: Luigi MadormoEdição: Fábio de Azevedo (Nariz)
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    53:20
  • Ele viveu 12 anos nas ruas e encontrou uma família no ferro velho
    Sonhar com São Paulo era sonhar com oportunidades. Mas a realidade foi outra e a rua se tornou a casa do Carioca por duros 12 anos. Entre noites frias e dias de incerteza, Carioca fez um amigo, vizinho de calçada, que lhe ofereceu um caminho para sobreviver: se tornar catador e aprender a garimpar.No ferro velho, ele entendeu que o que chamam de lixo tem valor. Aprendeu a separar, carregar, vender. E ali, entre os montes de material reciclável, encontrou um teto. O dono do ferro velho ofereceu um espaço, um barraco simples, mas seu. O primeiro colchão foi um pedaço de papelão, o travesseiro, um bloco de cimento. Mas ele dormiu tranquilo, protegido pela primeira vez em anos.Foi ali que conheceu Jo. A menininha vinha todo dia, levando o almoço de quem trabalhava no ferro velho. No meio das idas e vindas, os dois criaram um vínculo. Até que um dia, com a pureza de uma criança, a Jo olhou para o Carioca e disse: “Se eu tivesse um pai, queria que fosse igual a você.”Aquela frase virou uma chave. Ele, que tinha se acostumado a sobreviver, sentiu a responsabilidade de ser referência. Mas a aproximação não passou despercebida. A mãe de Jo estranhou o quanto a filha falava sobre aquele homem chamado Carioca. Ele foi até a casa dela, explicar que estava certa em se preocupar com a filha.Só que a amizade entre o Carioca e a mãe da Jo foi crescendo. A amizade virou carinho, o carinho virou amor. E assim ele teve a chance de construir uma família.Mas o sentido da sua vida não parou ali. Em 2002, soube que a prefeitura apoiaria grupos organizados de catadores. Com outros 46 trabalhadores, formaram uma cooperativa. Hoje, sua cooperativa tem 352 cooperados, seis unidades, um centro escola. Mais do que coletar e separar materiais, formam e qualificam pessoas, resgatam jovens antes que a criminalidade os adote, dá oportunidade a quem saiu do sistema prisional, a quem envelheceu e o mercado de trabalho descartou.O Carioca entende que os catadores salvam o planeta diariamente. Mas, acima de tudo, salvam uns aos outros. E foi assim que ele encontrou seu lugar no mundo: no amor de uma filha, no encontro com sua esposa e no trabalho que dá dignidade a tantos. Porque, quando se faz algo com verdade, tudo encontra seu caminho.
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    9:11

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