
Líder da UNITA alerta: João Lourenço não desistiu de um terceiro mandato
10/12/2025 | 59min
Dias depois de ser reeleito presidente da UNITA com 91% dos votos, Adalberto Costa Júnior vem ao podcast Na Terra dos Cacos falar sobre os desafios políticos que se avizinham para construir uma alternativa ganhadora que possa vencer o MPLA nas eleições de 2027. Sendo que a criação de uma nova Frente Patriótica Unida ainda é possível, mesmo que não seja nos mesmos moldes que em 2022, porque Abel Chivukuvuku já tem o seu partido (PRA-JA Servir Angola) e porque o Bloco Democrático precisa de concorrer em nome próprio nestas eleições ou será extinto por não concorrer a dois pleitos consecutivos. Adalberto está optimista de que a coligação para 2027 é possível, incluindo activistas políticos. O presidente reeleito do partido do Galo Negro não está é convencido que terá como principal adversário um candidato novo do MPLA porque acredita que João Lourenço tem vontade de a candidatar-se a um terceiro mandato. Como isso é impossível, de acordo com a actual Constituição, Adalberto não põe de parte a possibilidade de que o actual Presidente angolano esteja a mexer os cordelinhos para que o MPLA reveja a Constituição e mude essa cláusula. Adalberto Costa Júnior foi eleito pela primeira vez para o cargo em 2019, num congresso da UNITA que o Tribunal Constitucional haveria de anular dois anos depois por alegadamente ter dupla nacionalidade (angolana e portuguesa) na altura da apresentação da sua candidatura – em 2021, voltou a ganhar na repetição do congresso. A norma de impedimento da dupla nacionalidade para o chefe de Estado foi feita à medida por causa de Adalberto Costa Júnior. Seis anos depois, o tema voltou outra vez à discussão em Angola, numa estranha coincidência temporal com as eleições internas da UNITA. O político angolano também se pronuncia sobre o assunto na entrevista, depois de o tema ser um dos assuntos em cima da mesa na conversa entre António Rodrigues e Elísio Macamo na primeira parte do podcast. O outro tema em discussão é o golpe de Estado na Guiné-Bissau e a resposta suave da organização regional da África Ocidental, a CEDEAO, à alteração da ordem pública guineense, num claro contraste com a defesa musculada do Presidente do Benim, Patrice Tallon, alvo de uma tentativa de golpe militar esta semana. O que se esconde por trás destes dois pesos e duas medidas?See omnystudio.com/listener for privacy information.

Uma proposta para mudar o futuro de Angola
26/11/2025 | 53min
Depois de uma carreira de sucesso no sector petrolífero que começou na Sonangol em 1980, passou por França e pela Partex, empresa petrolífera detida pela Fundação Calouste Gulbenkian até 2019 e incluiu uma passagem como ministro da Economia e do Mar no Governo português entre 2022 e 2024, António Costa Silva resolveu escrever um livro sobre Angola. Não é um livro de memórias, nem um acertar de contas com o seu passado de lutador anticolonial em Angola, onde nasceu, na localidade de Catombola, província do Moxico, em 1952. Antes é o livro de um homem que, aos 73 anos, não que perder tempo com ressentimentos, mesmo depois de ter passado, devido à repressão que se seguiu ao 27 de Maio de 1977, quase três anos na prisão, onde sofreu torturas, onde foi alvo de um fuzilamento simulado e de onde saiu apenas depois de duas greves de fome. O que oferece ao seu país, em Angola aos Despedaços – 50 anos depois, que futuro?, editado pela Guerra & Paz, é ao mesmo tempo um diagnóstico dos acertos e fracassos de 50 anos de independência e um road map para o futuro. A partir de toda a sua experiência como engenheiro, professor, gestor, ministro e idealizador de um plano de recuperação de Portugal para o pós-troika, António Costa Silva propõe uma Estratégia para o Desenvolvimento que permita corrigir muitos dos erros cometidos e aproveitar todo o potencial que Angola tem. António Costa Silva será o nosso entrevistado, depois de na primeira parte falarmos sobre o levantamento pela TotalEneergies da força maior no seu projecto de exploração gás natural na província moçambicana de Cabo Delgado. E das eleições e da crise democrática na Guiné-Bissau – como o programa foi gravado na terça-feira, a conversa não inclui o alegado golpe de Estado que esta quarta-feira suspendeu o processo eleitoral e as instituições democráticas no país. See omnystudio.com/listener for privacy information.

Pode um país ser realmente independente sem investir na educação?
11/11/2025 | 46min
No episódio desta semana do podcast Na Terra dos Cacos assinalamos os 50 anos da independência de Angola, que se comemoram este 11 de Novembro. Por isso, o formato é diferente do habitual, só com uma parte preenchida com um resumo do debate promovido pelo PÚBLICO e organizado pelo Instituto Superior Politécnico Sol Nascente, no Huambo. Além do professor Elísio Macamo, os sociólogos David Boio e Paulo Inglês, o especialista em educação Isaac Paxe e a vice-presidente do Instituto Superior Politécnico de Humanidades e Tecnologias – Ekuikui II, Emília Pepeca, discutiram a relação entre educação e soberania. Há quase 50 anos, a 11 de Novembro de 1975, no discurso de declaração da independência de Angola, Agostinho Neto referiu o “propósito inabalável” da República de Angola de “conduzir um combate vigoroso contra o analfabetismo em todo o País, de promover e difundir uma educação livre, enraizada na cultura do Povo angolano.” Passado meio século, a luta contra o analfabetismo continua em Angola. Se em 1975, 85% da população era considerada analfabeta, hoje essa taxa baixou para 24%, como referiu o Presidente João Lourenço no seu discurso sobre o Estado da Nação. No entanto, como referiu o economista Jorge Mauro, apesar da percentagem ter baixado substancialmente, hoje em termos absolutos há mais analfabetos que em 1975, pois com o aumento da população, que passou de 6,8 milhões de habitantes para 36,1 milhões, os 85% de há 50 anos equivaliam a 6,8 milhões de habitantes, enquanto que os 24% de hoje equivalem a 8,6 milhões de angolanos. Em 1957, Kwame Nkrumah, dizia que o progresso do seu país, o Gana, seria avaliado pelo “progresso na melhoria da saúde do nosso povo; pelo número de crianças na escola e pela qualidade da sua educação; pela disponibilidade de água e electricidade nas nossas cidades e aldeias, e pela felicidade que o nosso povo sente ao poder gerir os seus próprios assuntos.” O ano passado, Antero Almeida, representante da UNICEF em Angola, lamentava-se pelo facto de apesar de o orçamento para a educação ter vindo a aumentar, ainda haver um grande número de crianças fora do sistema educativo, as salas de aulas estão sobrelotadas e a qualidade do ensino ressente-se também por causa disso. Quer isto dizer que, pelos critérios de Nkrumah, o progresso de Angola ressente-se por causa dos problemas da educação e que o “propósito inabalável” de Agostinho Neto continua por realizar? Será que um país que não investe na educação perde soberania? No sentido em que o conhecimento, a tecnologia, os cérebros, a inovação, os produtos essenciais ao funcionamento da economia, até os critérios de avaliação têm de ser importados?See omnystudio.com/listener for privacy information.

A jornada de um diplomata brasileiro para se tornar guineense
29/10/2025 | 48min
O cientista e diplomata brasileiro Ernesto Mané Jr., que acaba de publicar na editora Tinta da China do Brasil o livro Antes do Início, um diário da sua primeira viagem a África, numa busca da sua identidade guineense é o nosso entrevistado deste episódio. Nascido em João Pessoa, na Paraíba, Ernesto Mané Jr. é filho de um economista guineense e este é o relato da sua viagem às origens, da visita aos seus familiares na Guiné-Bissau. Uma conversa com um físico nuclear de formação que resolveu seguir outra carreira, a de diplomata, depois de ter percorrido as pegadas do seu pai, com quem não conviveu durante a sua infância e ao qual se reaproximou quando tinha 20 anos. O livro é um diário de uma jornada emocional e formativa que esteve na gaveta alguns anos e agora foi trabalhado como obra literária. Hoje Ernesto Mané Jr. já é, orgulhosamente cidadão da Guiné-Bissau. Na primeira parte, a Guiné-Bissau também faz parte do menu da conversa entre António Rodrigues e Elísio Macamo. A crise democrática que o país atravessa vai saldar-se com um acontecimento histórico: pela primeira vez na história de 52 anos de independência o PAIGC e o seu líder não vão concorrer nas eleições. E não foi por o antigo partido único se ter tornado irrelevante no panorama político da Guiné-Bissau. O PAIGC com a sua coligação PAI-Terra Ranka venceu as eleições de Junho de 2023 com maioria absoluta. Passou foi a ser visto pelo Presidente guineense como um obstáculo à sua visão autoritária da política e ao seu desejo de criar uma maioria parlamentar para mudar a Constituição e transformar o sistema político para um regime presidencialista, mais de acordo com a sua prática do poder, que ele próprio várias vezes mencionou: na Guiné-Bissau há só um chefe, Umaro Sissoco Embaló. Também vamos falar da queda do Presidente em Madagáscar. Andry Rajoelina – que, na verdade, em malgaxe se pronuncia Antsh Ratzuelna –, não resistiu aos protestos de um movimento jovem chamado Gen Z ou geração Z que tem vindo a realizar manifestações substanciais nos últimos tempos em Ásia e África. Não se trata de um movimento transnacional, mas “antes de uma tomada de consciência colectiva de uma juventude que deseja criar um espaço horizontal para partilha de soluções”. E que se vê com capacidade para exercer pressão nas ruas.See omnystudio.com/listener for privacy information.

“O que está mal em Angola e Moçambique é a cultura política”
15/10/2025 | 47min
Neste novo episódio de Na Terra dos Cacos, o podcast do PÚBLICO sobre temas africanos, a conversa gira em torno do arranque da corrida eleitoral à liderança do principal partido opositor em Angola, que deverá levar à reeleição de Adalberto Costa Júnior como presidente do partido. O líder do Galo Negro apresentou o seu manifesto de candidatura e uma lista de 240 figuras importantes do partido que apoiam a sua reeleição. Oportunidade para Elísio Macamo falar do trabalho da UNITA e do seu líder na oposição ao Governo de João Lourenço, capaz de transmitir aos eleitores a ideia de que “a mudança a favor da UNITA será da serenidade e não do caos”. Algo importante tendo em conta que tanto em Angola, como em Moçambique, aquilo que “está mal é a cultura política”. Também conversamos sobre o papel desempenhado pela Turquia em África, onde o país já se tornou um interlocutor importante, isto porque amanhã, quinta-feira, 16 de Outubro, começa em Istambul mais uma edição do Fórum Económico e Empresarial Turquia-África, que já vai na sua quinta edição. Na segunda parte, o nosso entrevistado desta semana é o moçambicano Stewart Sukuma, um cantor com uma carreira de mais de 40 anos que esta sexta-feira, dia 17, dá um concerto no Coconuts, em Maputo, acompanhado da Banda Nkhuvu e tendo como convidado outro cantor moçambicano de longa carreira, Aniano Tamele. Uma oportunidade para falar de uma carreira que se construiu paralelamente à construção de Moçambique enquanto país, que este ano comemorou 50 anos de independência, e que sempre se pautou por um apelo a uma paz efectiva que permita aos moçambicanos usufruir dos seus vastos recursos e diversidade cultural. Há pelo meio um elogio ao silêncio como “o som dos deuses”. See omnystudio.com/listener for privacy information.



Na Terra dos Cacos