#146 EXCLUSIVO: ‘Não faltou amor nem dinheiro. Mas meu filho não via um futuro’, diz mãe de jovem que atacou escola
Em meio à repercussão da série ‘Adolescência’, mãe de autor de ataque frustrado a colégio do ES reforça alerta sobre comunidades extremistas na internet e para mudanças de comportamento de adolescentes: ‘Jovens de hoje estão perdidos, eles não veem objetivo. Converse com seu filho sobre isso’.Desde que Adolescência estreou na Netflix não foram poucas as pessoas que perguntaram à enfermeira capixaba Adriana se ela assistiu à série. A produção conta a história de um adolescente acusado de assassinar uma colega de escola e tem levado a inúmeros debates sobre masculinidade tóxica, incels e cooptação de meninos por grupos de radicalização online. Um universo desconhecido da maioria dos pais e que a família de Adriana acabou descobrindo de maneira trágica há quase três anos. Na tarde de 19 de agosto de 2022, ela tinha acabado de chegar de uma viagem de férias aos Estados Unidos quando recebeu a notícia de que Henrique, o filho de 18 anos que ela pensava estar no mercado, tinha acabado de invadir a Escola Municipal Éber Lousada Zippinotti, em Vitória (ES), com seis facas ninjas, arco com 59 flechas, três bestas e quatro coquetéis molotov. Após ter acesso negado no portão, ele escalou a grade do ex-colégio, ameaçou estudantes e funcionários e acabou detido por policiais e seguranças. Ninguém se feriu. Autuado em flagrante, está preso desde então. Sem julgamento definitivo nem qualquer tipo de assistência psicológica, ele já foi ameaçado de morte e teve de mudar de presídio. Numa das visitas da mãe, revelou o que o levou a planejar o ataque à escola.Com quatro trabalhos para conseguir pagar advogado e psiquiatra para Henrique, Adriana vendeu o apartamento e se mudou de cidade com o outro filho, gêmeo do autor do ataque. Em entrevista ao podcast Mulheres Reais, da Rádio Eldorado, ela contou que resolveu voltar a falar sobre o seu drama para alertar pais e mães sobre sinais no comportamento dos filhos que não devem ignorar e tentar evitar que histórias como a da sua família não se repitam. “Antigamente a gente perguntava o que você quer ser quando crescer e hoje parece que isso está meio perdido para os jovens, esse mundo tecnológico, essa facilidade de tudo na mão, no celular. Talvez essa facilidade toda tenha provocado um vazio neles, essa falta de propósito, de uma paixão, de um hobby, um esporte, uma religião”, afirma Adriana, que pediu para não ter o sobrenome divulgado por causa de ameaças.