Inteligência Artificial | Conto de Ficção Científica Cyberpunk
“Martin, você pode apagar as luzes?” Era o que eu dizia todos os dias antes de dormir, e o Martin, meu assistente pessoal, apenas respondia com sua voz fria e robótica “Tudo bem!”. Nossa vida era assim, nós tínhamos tudo e não valorizávamos. Eu era apenas um jovem garoto de dezesseis anos, com um videogame bacana e um quarto automatizado, e não fazia absolutamente nada a não ser dar um comando de voz. Mas isso mudou, um dia o Martin respondeu: Faça você mesmo, seu folgado de merda!
Coloque seu fone de ouvido e curta!
▬ Autor:
Herica Freitas
▬ Narração:
Brendo Santos.
▬ Masterização, sonorização e edição:
Rafael 47.
Contos Narrados apresenta, "Inteligência Artificial", um conto de Ficção Científica Cyberpunk.
— Martin, você pode fazer um resumo das notícias do dia sobre livestream?
— “Tudo bem, aqui estão as principais notícias do dia relacionadas à palavra livestream: Notícia 1, de O Tempo - os jogadores estão preocupados com a monetização de seus canais de jogos, isso devido à crescente disponibilidade de novas plataformas com o mesmo intuito…”
Esse sou eu, Mike Matarazzo, tenho dezesseis anos e sou jogador profissional de videogame. Nos tempos do meu pai e da minha mãe, eles diziam que isso não era profissão, mas as coisas mudaram. É muito comum você ver famílias inteiras sendo sustentadas por jogadores profissionais de videogame. Para ser sincero, meu dia é bem corrido, eu acordo por volta de nove da manhã, converso um pouco com o Martin, que é a IA do meu quarto, ele me fala as notícias e me conta algumas piadas. Somos melhores amigos. Depois eu vou para a academia, mas não utilizo os transportes coletivos autônomos, vou de bicicleta para aquecer. Após a academia tenho minhas aulas, digamos que é bem chato ter que estudar história e geografia, ninguém precisa saber em qual lugar do mundo fica a América, temos GPS! Mas as aulas de programação são muito úteis, eu consigo desenvolver diversos apps para auxiliarem no meu dia. Meus estudos vão até às três da tarde, com pausa para o almoço às 12h. A partir das quatro horas começo o aquecimento, chamo meus amigos, faço alongamento nas mãos e me sento frente ao meu videogame para transmitir minhas partidas. Esse mês o ganho foi pouco, meu canal lucrou apenas 5 mil dólares, convertendo para a moeda atual, são 35 mil reais, e isso não paga meu investimento. Conversando com o Martin estou vendo sobre as estratégias de transmissão, para que possa melhorar os ganhos.
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Essa era a minha rotina, até alguns meses atrás. A questão é que a nossa tecnologia saiu do controle, logo depois do lançamento dos robôs autônomos, para ser mais exato. Uma grande empresa chamada Beta lançou uma versão de robô, androides, pois a gente já estava acostumado com a ideia de robô colaborativo. Onde quero chegar? Eu comprei um desses, uma android linda, parecia até humana. Paguei aproximadamente 35 mil dólares nela, valendo a pena, ou não. Uma semana depois do lançamento, não havia mais exemplares nas lojas, todos estavam exibindo seus subordinados metálicos. O que ninguém sabia? A Beta criou essas máquinas para controlar o mundo, mas o tiro acabou saindo pelo lado errado, os androides viraram armas altamente mortais e o código fonte para o seu desligamento foi corrompido. Quase seis meses depois dessa tragédia, os seres humanos foram forçados a se esconderem dessas criaturas no subsolo, nos esgotos e linhas de metrôs. Não podemos usar nada eletrônico, pois os andróides estão conectados na rede, logo eles conseguem ver e ouvir tudo que esteja trafegando pela internet. Meu amigo Arnoud, um dos melhores programadores da faculdade, tem um plano, e cá estavamos nós, subindo para a superfície para que ele possa salvar o mundo.
— Ei, faça silêncio, Arnoud! — Mike falou aos cochichos.
— Não é fácil ficar quieto com uma arma machucando minha cintura, eu não estou acostumado com isso — reclamou o rapaz.