Gaúcha, publicitária, escritora e mãe solo. Autora de dois livros infantojuvenis, dedica-se também à literatura de ficção autobiográfica. Escreve a partir da experiência, do que arde e permanece. Sua escrita é território de memória, de afeto e de coragem.*SOLOA cidade girava — alheia ao seu ser.Ela — estátua — atônita.O metrô partia com seus pedaços,e o tempo, tirano disfarçado de rotina.Nos pés, a pressa herdada das urgências alheias.Mãe solo. Não por ter gestado só, depois de uma relação falida, mas por ser — dia após dia — esquecida.Caminhava entre vozes que não a chamavam,Queria — talvez — um toque. Um esbarrão. Um sussurro casual que dissesse: “Eu te vi.”Ela veste — a roupa que lhe cabe há oito anos: sua personagem-mãe.E há tantas... tantas Olívias por aí.Que correm, como ela,sem tempo de se esbarrarem.Fortalezas ambulantes,com trincheiras no peito.Procurando por pertencimento.Solo. No sentido mais humano da palavra.Solo — entre o abismo da plenitudee a margem da ausência.A esperança — ainda que tênuede reencontrar-se inteira.Um dia. Quem sabe.
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Adriana Carneiro — VIGOR | Livres como versos
Adriana Carneiro (Recife) é formada em dança (Konservatorium der Stadt Wien /Áustria), Letras (UNICAP) e especializada no ensino do alemão (Friedrich-Schiller-Universität Jena/ALE). Publicou a obra “O corpo como parte de um sistema” (Patuá, 2023). O que move seus poemas não é o corpo; porém, são o ser humano, a natureza e seus atributos. *VIGOR o corpo celebra a cada desejo correspondidonão é tão fácil compreender a manipulação da mente sobre o que ele sentevigor é amalgamar corpo e mente e deixá-lo ser no seu tempoele nasce, cresce e quer amar eternamentecomo se o amanhã fosse sempre o hojecomo se o vigor fosse para sempreum corpo que pensa assim é potentenão se deixa vencer facilmenteele é jovem incessantementedesde que foi uma sementeque no útero eclodiude um encontro de vigor de duas vidasPoema da obra O corpo como parte de um sistema (Editora Patuá/SP, 2023)
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Cecília Zugaib — Vermelho no branco | Livres como Versos
Participou de diversas antologias no Brasil e na Suíça. Foi finalista no Festival de Poesia de Lisboa 2024 e fez parte do Festival Zürich liesst com a instalação da Zwischentext. Lançou os livros de poesia Fina Linha e Khalas em 2024. Atualmente, trabalha em dois livros de haiku e um de contos.*Vermelho no brancoDesolação,se saísse, seria um urro do abdômenum soco na paredeo vermelho no brancouma mordida na carneo branco no vermelhoas lágrimas escorrendoo vermelho invadindo o brancoo poema no papelo vermelho – todo o vermelho –no branco.
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Gisela Maria Bester — UM CORPO QUE CAI | Livres como versos
Escritora gaúcha radicada no Paraná e no Tocantins, mestra e doutora com estágio pós-doutoral em Direito. Vencedora do 38.º Prêmio Yoshio Takemoto de Literatura 2024 (Haicai). Autora dos livros Pinte-me de Azul (Mondru, 2023 –Troféu Capivara Reconhecimento Literário, no Prêmio Literário da Cidade de Curitiba 2024) e Sorrir, esse sacrifício (TAUP, 2024).*UM CORPO QUE CAIMulher, te dei morada, mas...essa boca humilhadaesses olhos gencianosonde estão teus dentes?Mulher, te dei caminhode veias, para resvalar o sangue quentede pernas, para levar teus sonhos ao ciode línguas, para friccionar tuas traduçõese há glossários, para necessárias desobediênciasMulher, te dei desejos Cordas e sons de cantar a vida úmidaMas essa dobradiça repetindorangendo mecânica dor esgotada e secaqual trapo perdido, escorregando no vaziomovimenta insana inaniçãoMulher oceânicainvestiga teus rastros e tenha em ti um poemaporque um corpo que caié o mesmo que se levanta
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Hibson da Silva — Torda | Livres como versos
É homem bicha-bicho instinto — como se descreve em seu primeiro livro, Máscaras que Caem do Teto, publicado pela Editora Urutau em 2024. Nascido em Tracunhaém, na Mata Norte de Pernambuco, vive há 15 anos no Recife. Administrador e pós-graduado em Gestão de Pessoas, é apaixonado por literatura desde a adolescência e poeta desde o primeiro choro.*TordaGostaria de não sertão saudosista ou tão magoatista.Mas há um engenhodoce em meus lábiose violento nas minhas lágrimas.Rude em minha fala de homem caboclo,um mamulengo de pau erguido,um veado crescido.Manipulado pelas mãos por trás da torda,de quem desejou um diaser o dono daqueles engenhos.Mas, coitado...o controle do mamulengueiropra eu não ser veado.Mas, se eu for,é só ninguém saber —e só ele me comer.Abro a boca, mas não digo.Encerra a cenacom o pau atravessadona minha goela-fala.
Sobre Toma Aí um Poema: Podcast Poesias Declamadas | Literatura
Título: Podcast Toma Aí Um Poema
Ano de produção: 2020 - presente
País de origem: Brasil
Duração: 1 minuto por episódio
Classificação: Livre
Gênero: Videos curtos
Direção: Belise Campos e Jéssica Iancoski.
Curadoria: Mabelly Venson.
Sonoplastia: Jéssica Iancoski
Roteiro: Belise Campos e Jéssica Iancoski.
Edição de vídeo: Jéssica Iancoski e Felipe Ogawa.
Vozes: Flavia Ferrari, Jaime Barros dos Santos Júnior e Jéssica Iancoski
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