Ep 41 - Os Novos Xamãs: Apropriação, Poder e o Apagamento.
Vivemos num tempo em que as redes sociais tornaram tudo vendável — inclusive a espiritualidade. Nesse cenário, surgem os chamados “jovens místicos”, figuras que performam uma espiritualidade de aparência neutra, misturando símbolos indígenas, africanos, orientais e cristãos de forma descontextualizada, pasteurizada e mercantilizada.Eles se intitulam xamãs urbanos, terapeutas holísticos, “curadores da alma”, “terapeutas da floresta”. O discurso é de expansão da consciência, de acolhimento, de reconexão. São jovens, em sua maioria brancos, de classe média ou alta, vestidos com roupas brancas ou coloridas em tons terrosos, colares de sementes, e com discurso manso — sempre espiritualizado.Mas por trás da fala doce, dos incensos e cristais, está o velho projeto colonial de apropriar-se dos saberes de povos racializados, esvaziá-los de conteúdo político e espiritual, e revendê-los a um público branco e abastado.Vamos abrir a gira e falar sobre isso?