Sarah Roberts, professora da University of California, Los Angeles, é uma pioneira na pesquisa sobre o trabalho dos moderadores de conteúdo das mídias sociais. Ela chama atenção especialmente para a moderação realizada por terceirizados de grandes empresas, como Facebook e Google. Foi uma das entrevistadas do filme The Cleaners e lançou em junho o livro Behind the Screen: Content Moderation in the Shadows of Social Media, resultado de oito anos de pesquisa nos Estados Unidos e nas Filipinas. Roberts afirma que a moderação de conteúdo não é algo novo, remontando a algo feito há quatro décadas. Para ela, o novo é a sua escala industrial, sendo um poderoso mecanismo de controle. Como já discutimos na DigiLabour desde o início, é o trabalho humano por trás da chamada “inteligência artificial”. Pessoas que trabalham em lugares como call centers e também em plataformas de microtrabalho como Amazon Mechanical Turk. Passam o dia vendo cerca de 1500 fotos e vídeos para decidir o que manter e o que deletar das plataformas digitais. Para Roberts, o trabalho de moderação comercial de conteúdo reforça a Internet como lugar de controle, vigilância, intervenção e circulação da informação como mercadoria.
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24:52
Virginia Eubanks
Em Automating Inequality, Virginia Eubanks mostra como a automatização e o uso de algoritmos nos serviços públicos tem reforçado e acelerado desigualdades, com a vigilância e o perfilamento dos pobres. Segundo ela, a automatização dos serviços públicos começou nos anos 1960 nos Estados Unidos e intensificou-se nos últimos anos, criando uma aura de eficiência, objetividade e infalibilidade. Mas, na verdade, isso estaria criando uma versão digital das poorhouses no país, punindo as pessoas por serem pobres. Quais os valores e crenças embutidos nos algoritmos? Como isso tem reforçado as desigualdades? Como confrontar essas lógicas? Eubanks, que é professora de Ciência Política da State University of New York, em Albânia, conversou com DigiLabour sobre esses assuntos presentes em Automating Inequality.
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17:50
Antonio Casilli
Antonio Casilli, professor da ParisTech, lançou em 2019 o livro En Attendant Les Robots: enquete sur le travail du clic. Em entrevista para DigiLabour, Casilli comenta sua nova pesquisa sobre microtrabalho na França, já com alguns resultados publicados. O autor prefere falar em “plataformização” em vez de “uberização” do trabalho, por envolver diferentes maneiras de extração do valor a partir das distintas plataformas de trabalho digital. Além disso, Casilli comenta alternativas ao cenário do trabalho digital.
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22:20
Jack Qiu
Jack Linchuan Qiu, professor da Escola de Jornalismo e Comunicação da Chinese University of Hong Kong (CUHK) tem se dedicado a pesquisar o trabalho digital na China. Em 2017, publicou o livro Goodbye iSlave: a manifesto for digital abolition. Em entrevista para DigiLabour, Qiu fala sobre trabalho digital no Sul Global, plataformização e dataficação do trabalho na China, circuitos de trabalho, Shenzen, Tecno e iSlave.
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37:40
David Beer
David Beer, professor de Sociologia da University of York, Inglaterra, lançou no fim de 2018 o livro The Data Gaze: Capitalism, Power and Perception. Após pesquisa sobre 34 empresas de análise de dados, Beer aborda como o imaginário de dados molda nossa percepção sobre questões como neutralidade, relevância e transparência dos algoritmos e dados. Em outras obras, como Metric Power e Popular Culture and New Media, o autor já tinha trabalhado questões como métricas, circulação de dados e políticas de circulação. Confira entrevista exclusiva com ele!
https://digilabour.com.br/2019/03/30/olhar-imaginario-e-circulacao-de-dados-entrevista-com-david-beer/
Entrevistas com pesquisadores de trabalho digital publicadas pela newsletter DigiLabour - https://digilabour.com.br . Está no ar a primeira temporada, com 8 entrevistas.