Rituais de Fim de Ano: O Que Faz Sentido pra Gente?
No Episódio 78 do Fractais, Ale, Dani, Felipe e Hid entram no clima de fim de ano pra falar sobre rituais, crenças e aquelas tradições que todo mundo tem – ou não. Desde pular sete ondas até fugir de qualquer celebração, o papo gira em torno de como a neurodivergência pode influenciar a forma como encaramos essa época. Se você já se perguntou por que sente (ou não sente) tanta coisa nessa virada, esse episódio é pra você. Vem fechar 2024 com a gente!
#FimDeAno #RituaisDeAnoNovo #FractaisPodcast #Neurodivergência #Crenças #TradiçõesDeAnoNovo #SaúdeMental #Autocuidado
Rituais e Autismo: O Que as Festas de Fim de Ano nos Contam?
Rituais e Autismo – Festas de fim de ano são marcadas por rituais coletivos, tradições e um senso de renovação que parece quase universal. Mas, para pessoas neurodivergentes, essas celebrações podem trazer reflexões bem diferentes das típicas. Afinal, o que esses rituais realmente significam para quem vive à margem do que é considerado “normal”?
No episódio mais recente do podcast Fractais, os hosts Felipe Wasserman, Hid Miguel, Dani Dutra e Alexandre Valverde mergulharam na complexidade dos rituais de fim de ano, debatendo como essas tradições dialogam (ou não) com a experiência de ser neurodivergente.
Festas de fim de ano estão carregadas de simbolismos: pular sete ondas, comer romã, reunir a família, trocar presentes. Muitos desses gestos são vistos como superstição, mas também podem ser formas de buscar pertencimento ou alimentar uma fé, mesmo que não religiosa. Como comentou Alexandre, “o sagrado pode aparecer em qualquer lugar – no ritual do Natal ou no modo como o sol bate em um inseto no jardim”.
Essa ideia de sagrado pessoal é um tema recorrente para neurodivergentes. Muitas vezes, enquanto o coletivo se conecta aos rituais impostos pela cultura ou pela religião, pessoas neurodivergentes se encontram em gestos únicos, como Dani descreveu: “Plantar algo é meu ato de fé. É sobre acreditar que aquilo pode sobreviver e criar algo maior.”
Um ponto levantado no episódio foi a constante sensação de estar “de fora” das convenções sociais. Enquanto muitas pessoas encontram conforto na coletividade, para pessoas autistas ou com TDAH, rituais podem parecer teatrais ou até incoerentes. Dani exemplificou: “Parece que o Natal é uma grande pausa nas tretas familiares, como se tudo fosse varrido para debaixo do tapete.”
Hid Miguel destacou como essa desconexão pode ser mais profunda: “Como a gente nunca está totalmente inserido, observar de fora vira o padrão. E aí, o coletivo parece estranho, artificial.”
Isso reflete uma vivência comum para quem é neurodivergente: a dificuldade de se encaixar em normas coletivas e a visão aguda das contradições nelas presentes.
Para algumas pessoas no espectro autista, rituais pessoais têm uma importância muito maior do que os rituais coletivos. Hid exemplificou com seu apego ao número três: “Meu número três é tão sagrado pra mim quanto o Papai Noel é para algumas pessoas. Mas o meu é visto como estranho.”
Essa rigidez pode ser mal compreendida, mas, no fundo, é uma tentativa de encontrar sentido em um mundo que parece caótico e cheio de contradições.