PALLIPAPERS EP7 - A Romantização dos Cuidados Paliativos
Os cuidados paliativos são frequentemente retratados como uma prática heroica e compassiva, focada no alívio do sofrimento e na promoção da dignidade no fim da vida. No entanto, essa visão idealizada pode mascarar os desafios reais enfrentados por profissionais, pacientes e familiares, especialmente quando se trata de sofrimentos profundos e existenciais que nem sempre podem ser completamente aliviados.Neste podcast, conversamos com as autoras de dois artigos que exploram como a romantização dos cuidados paliativos pode impactar a prática clínica e as percepções sociais, e como podemos abordar o sofrimento existencial de maneira mais honesta e compassiva.No artigo *"A Romantização dos Cuidados Paliativos: Impactos na Prática Clínica e Percepções Sociais"*, discute-se como a idealização dos cuidados paliativos pode criar expectativas irreais. A romantização da prática, tende a destacar apenas os aspectos positivos, como a compaixão e a humanização, enquanto minimiza as dificuldades emocionais, éticas e estruturais enfrentadas pelos profissionais. Isso pode levar a uma pressão excessiva sobre os cuidadores, que se sentem obrigados a corresponder a uma imagem de dedicação incondicional, muitas vezes resultando em desgaste emocional e burnout. Além disso, pacientes e familiares podem esperar um processo de cuidado harmonioso e transformador, o que nem sempre corresponde à realidade, gerando frustração e sentimentos de inadequação.Já no artigo *"Suffering is only intolerable when nobody cares... is it?"*, a autora questiona a famosa frase de Cicely Saunders, que sugere que o sofrimento se torna tolerável quando há cuidado. A reflexão aponta que, embora o cuidado paliativo seja essencial para aliviar a dor física e emocional, há sofrimentos existenciais — como a perda de autonomia, a falta de sentido e a confrontação com a morte — que podem persistir, independentemente da qualidade do cuidado oferecido.A romantização dos cuidados paliativos, portanto, pode obscurecer a complexidade do sofrimento humano, especialmente o existencial, que nem sempre pode ser completamente aliviado. É fundamental adotar uma abordagem mais realista, que reconheça tanto os benefícios quanto as limitações dessa prática. Profissionais de saúde precisam de suporte emocional e formação adequada para lidar com essas complexidades, enquanto pacientes e familiares devem ser preparados para entender que o cuidado paliativo, embora essencial, nem sempre pode garantir uma "boa morte" ou a resolução de todos os conflitos.Angela Pinto dos SantosSantos AP. A romantização dos cuidados paliativos: impactos na prática clínica e percepções sociais. Rev Tópicos. 2025; Disponível em: https://doi.org/10.5281/zenodo.14757969.Ana Cláudia Mesquita GarciaGarcia ACM. “Suffering is only intolerable when nobody cares”… is it?. Palliat Support Care. 2025;23:e25, 1–3. Disponível em: https://doi.org/10.1017/S1478951524001792.#CuidadosPaliativos #RomantizaçãoDosCuidadosPaliativos #DorESofrimento #SofrimentoExistencial #MorteDigna #Bioética #HumanizaçãoDaSaúde #CuidadoPaliativoNaPrática #PalliativeCare #RomanticizationOfPalliativeCare #PainAndSuffering #RealisticCare #ExistentialSuffering #DignifiedDeath #Bioethics #PalliativeCareInPractice