Indústria brasileira continua andando de lado, mesmo no final do ano
A produção industrial registrou alta de 0,1% em outubro na comparação com setembro. Em relação a outubro de 2024, a indústria recuou 0,5%, enquanto o acumulado do ano avançou 0,8% e nos últimos 12 meses, 0,9%. Na passagem mensal, três das quatro grandes categorias econômicas apresentaram crescimento, assim como 12 dos 25 ramos pesquisados. Entre as grandes categorias, bens de consumo duráveis teve o melhor desempenho mensal (2,7%), bens de capital e bens de consumo semi e não duráveis cresceram 1,0% cada, e os bens intermediários tiveram queda de 0,8%.
O destaque positivo entre as atividades foi o setor de indústrias extrativas, com alta de 3,6%. Os segmentos relevantes que impulsionaram a produção foram: equipamentos de informática e eletrônicos (4,1%), confecção (3,8%), veículos automotores (2,0%), produtos químicos (1,3%) e alimentos (0,9%). Em contrapartida, 13 atividades registraram queda, com impacto mais forte de coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (-3,9%) e do setor farmoquímico e farmacêutico (-10,8%), que acumula perda de 19,8%.
Na comparação com outubro de 2024, o setor industrial recuou 0,5%, com resultados negativos em 3 das 4 grandes categorias, 15 dos 25 ramos e mais da metade dos produtos pesquisados. Entre os maiores pesos negativos estão coque, derivados do petróleo e biocombustíveis (-10,7%) e veículos automotores (-8,4%), pressionados pela menor produção de combustíveis e de autopeças. Outras quedas importantes ocorreram em produtos farmoquímicos e farmacêuticos (-9,3%), produtos de madeira (-10,7%), e impressão e reprodução de gravações (-18,7%).
Por outro lado, dez atividades cresceram no comparativo interanual, com forte contribuição das indústrias extrativas (10,1%) e dos produtos alimentícios (5,3%). Houve também avanços relevantes em manutenção e reparação de máquinas (10,1%), outros equipamentos de transporte (8,3%) e produtos têxteis (5,9%). Entre as categorias econômicas, bens de capital registraram queda de 2,9%, influenciados principalmente pela redução na produção de equipamentos de transporte. Bens de consumo semi e não duráveis recuaram 1,6%, bens intermediários tiveram leve recuo de 0,1%, interrompendo uma sequência de sete altas, enquanto bens de consumo duráveis cresceram 0,4%.
No acumulado de janeiro a outubro, a indústria cresceu 0,8%, com avanços em 14 dos 25 ramos pesquisados. As maiores contribuições vieram das indústrias extrativas (4,7%) e de máquinas e equipamentos (6,0%). Por outro lado, o setor de coque, derivados do petróleo e biocombustíveis liderou as quedas (-4,9%), pressionado pela menor produção de etanol. Entre as grandes categorias, destacam-se o avanço de bens de consumo duráveis (3,9%) e bens intermediários (2,1%). Já bens de consumo semi e não duráveis acumulam queda de 2,5%, e bens de capital recuam 0,6%.
A indústria brasileira sofre com o excesso de burocracia, regulamentações e baixa produtividade. Além desses problemas, com uma Selic a 15% ao ano, se torna muito difícil fazer investimentos e apresentar um processo expansivo, enquanto a inflação não convergir para a meta e os juros poderem cair. A Reforma Tributária trará um grande alívio para o setor, mas vai demorar e não é o único problema a ser resolvido.