
As contas externas do Brasil tiveram, em novembro, o maior déficit para o mês desde 2021
19/12/2025
O saldo negativo nas transações correntes somou US$ 77,7 bilhões em 12 meses, o que corresponde a 3,47% do PIB. No mês de novembro, o déficit foi de US$ 4,9 bilhões. Em 2021, o saldo negativo havia sido de US$ 7,8 bilhões, período em que o país ainda sofria os impactos dos gastos públicos decorrentes da pandemia da Covid-19. O Banco Central divulgou os dados referentes a novembro, mostrando que o déficit do mês aumentou 11,9% em relação ao mesmo período de 2024. Esse levantamento considera o saldo da balança comercial, a conta de serviços — que inclui serviços adquiridos por brasileiros no exterior e por estrangeiros no país — e a conta de rendas, que envolve remessas de lucros, pagamentos de juros e dividendos. Na conta de serviços entram, por exemplo, gastos com streaming, como Netflix e Spotify, além de serviços de telecomunicações, computação em nuvem e softwares. O aumento do déficit ocorreu, em parte, devido à redução do saldo da balança comercial, que diminuiu US$ 924 milhões em relação a novembro do ano passado. O déficit em renda primária também aumentou, em US$ 373 milhões, enquanto o saldo negativo da renda secundária cresceu US$ 176 milhões. Por outro lado, o déficit na conta de serviços recuou US$ 597 milhões. A balança comercial foi superavitária em US$ 5,1 bilhões. As exportações somaram US$ 28,7 bilhões, com alta de 2,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto as importações cresceram 7,1%, totalizando US$ 23,6 bilhões. A conta de serviços registrou déficit de US$ 4,5 bilhões, e a renda primária apresentou saldo negativo de US$ 6,2 bilhões em novembro. No acumulado de 12 meses encerrados em novembro, o déficit em transações correntes somou US$ 77,7 bilhões, equivalente a 3,47% do PIB. Em outubro, o resultado havia sido de US$ 77,2 bilhões, ou 3,49% do PIB. Em novembro do ano passado, o saldo negativo era de US$ 61,5 bilhões, correspondendo a 2,78% do PIB. Em relação ao Investimento Estrangeiro Direto (IED), o ingresso líquido em novembro foi de US$ 9,8 bilhões, valor que mais do que compensou o déficit das contas externas no mês. O resultado foi superior ao registrado no mesmo período do ano passado, quando o ingresso havia sido de US$ 5,7 bilhões. Do total, US$ 7,3 bilhões foram destinados à participação no capital, sendo US$ 3,5 bilhões em participação no capital, exceto lucros reinvestidos, e US$ 3,9 bilhões em lucros reinvestidos. As operações intercompanhia registraram ingresso líquido de US$ 2,5 bilhões. No acumulado de 12 meses, o investimento estrangeiro direto alcançou US$ 84,3 bilhões, o equivalente a 3,76% do PIB. Até outubro, o valor era de US$ 80,2 bilhões, ou 3,62% do PIB, e no mesmo período do ano passado somava US$ 71,9 bilhões, correspondendo a 3,25% do PIB. A situação externa vem sendo compensada pelo ingresso de investidores internacionais no país. Ainda assim, as contas externas têm se deteriorado de forma rápida, principalmente em função dos saldos menores da balança comercial em 2025. Caso essa tendência persista, o balanço de pagamentos brasileiro pode enfrentar dificuldades, especialmente se houver redução no ingresso de investimento estrangeiro direto.

R$ 18,3 bilhões em investimentos para água e esgoto em Pernambuco
18/12/2025
A concessão da Compesa foi bem-sucedida, com os dois lotes ofertados despertando interesse do mercado. Ao todo, o projeto vai viabilizar R$ 18,3 bilhões em investimentos em água e saneamento, além de uma outorga total de R$ 4,25 bilhões para o Estado. Os vencedores foram o consórcio BRK Ambiental-Acciona e a gestora Pátria, responsáveis respectivamente, pelos dois blocos de concessão de água e esgoto em Pernambuco. O consórcio BRK Ambiental-Acciona venceu o maior lote do leilão, que abrange Recife, Fernando de Noronha e outras 149 cidades, com previsão de R$ 15,4 bilhões em investimentos voltados à universalização dos serviços. Já o Grupo Pátria conquistou o lote Sertão, composto por 24 municípios, com R$ 2,9 bilhões em obras previstas. O leilão contou com a participação de quatro grupos e foi realizado nesta quinta-feira (18/12), na sede da B3, em São Paulo. No bloco da capital, no entanto, o consórcio BRK-Acciona foi o único interessado. A proposta incluiu desconto de 5% sobre a tarifa e o pagamento de R$ 3,5 bilhões em outorga. O contrato prevê cerca de R$ 15,4 bilhões em investimentos, sendo R$ 6,4 bilhões em água e R$ 9 bilhões em esgotamento sanitário, além de um aporte adicional de aproximadamente R$ 320 milhões para obras no sistema de produção de água da região. Apesar disso, a operação desses ativos continuará sob responsabilidade da Compesa. Pelo modelo adotado, a estatal seguirá responsável pela produção de água, enquanto os concessionários comprarão essa água da Compesa para realizar a distribuição. A BRK, inclusive, já atua no estado por meio de uma PPP de esgoto na Região Metropolitana do Recife, iniciada em 2013, o que acabou reforçando sua posição como favorita na disputa. No caso do Grupo Pátria, a vitória no Sertão marca sua estreia no setor de saneamento, após participações anteriores sem êxito. A empresa ofereceu desconto de 5% na tarifa, uma outorga de R$ 720 milhões e investimentos de R$ 2,9 bilhões, sendo R$ 1,05 bilhão em água e R$ 1,9 bilhão em esgoto. Além disso, o grupo terá que aportar cerca de R$ 453 milhões em obras no sistema de produção de água, incluindo a ampliação do Adutor do Oeste e a implantação de um sistema integrado entre Petrolina, Afrânio e Dormentes. Outros dois grupos participaram da disputa, mas a melhor proposta foi a do Pátria. O leilão adotou um critério híbrido, no qual os concorrentes podiam oferecer um desconto de até 5% na tarifa e, adicionalmente, um prêmio sobre a outorga mínima. Com isso, Pernambuco realiza, em 2026, o maior processo de concessão de água e saneamento do país, consolidando-se como um marco histórico para o setor. O Marco Legal do Saneamento Básico (Lei nº 14.026/2020) estabeleceu a meta de universalização para 2033: 99% da população com água potável e 90% com coleta e tratamento de esgoto, impulsionando investimentos via concessões e parcerias, e priorizando a regionalização para viabilizar o cumprimento dessas metas, embora desafios significativos de investimento e execução ainda persistam, especialmente nas regiões Norte e Nordeste. A expectativa é que os investimentos representem um verdadeiro divisor de águas — e de esgoto — para o estado, acelerando a universalização dos serviços nos próximos anos. Além de melhorar significativamente as condições de vida da população, a ampliação do acesso à água tratada e ao esgotamento sanitário tende a elevar a produtividade, reduzir doenças, aliviar os gastos públicos com saúde e, como consequência, impulsionar salários mais altos e um maior crescimento econômico em Pernambuco.

O Brasil superou os EUA e se tornou o maior produtor de carne bovina do mundo em 2025
17/12/2025
Além disso, o país também bateu recorde nas exportações neste ano, ficando à frente dos mercados australiano, indiano e norte-americano. Segundo relatório divulgado pelo Departamento de Agricultura dos EUA (USDA), o Brasil foi responsável, em 2025, pela produção de 12,35 milhões de toneladas métricas de carne bovina, contra 11,81 milhões de toneladas dos EUA. Em seguida aparecem a China, em terceiro lugar, com 7,79 milhões de toneladas métricas, a União Europeia, com 6,47 milhões, e a Índia, com 4,63 milhões. A produção global total em 2025 foi de 61,94 milhões de toneladas métricas. Esse resultado é importante porque o Brasil responde atualmente por cerca de 25% da produção destinada ao mercado externo no mercado global. O país já é, há alguns anos, recordista e líder das exportações mundiais de carne bovina e, em 2025, deve novamente bater recorde, com embarques estimados em 4,25 milhões de toneladas métricas. Em segundo lugar vem a Austrália, com 2,18 milhões de toneladas, seguida da Índia, com 1,61 milhão, e dos EUA, com 1,17 milhão. Para 2026, há previsão de queda na produção e nas exportações globais. O Brasil deve registrar redução na produção, segundo o mesmo relatório, ficando com um volume muito próximo ao dos EUA, em torno de 11,7 milhões de toneladas métricas. Nas exportações, o Brasil e os principais exportadores devem apresentar queda de cerca de 1%. Apesar do aumento dos embarques da Argentina, Índia, Nova Zelândia e México, a retração deve ocorrer no Brasil, na Austrália e nos EUA. Os dados mostram que a China é o principal mercado de destino das exportações brasileiras e o maior importador mundial de carne bovina. Isso mostra uma dependência do mercado brasileiro em relação à China, o que pode gerar preocupações caso haja um acordo de preferência comercial entre EUA e China. Ainda assim, a produção brasileira segue em expansão. A estimativa é de que o país conte com cerca de 186 milhões de cabeças de gado, número muito próximo ao tamanho da população brasileira, quase uma relação de 1 para 1, o que demonstra a relevância do rebanho bovino para o agronegócio nacional. Há perspectivas de manutenção da liderança brasileira, com expansão da atividade agropecuária, especialmente na região do Matopiba. O país também pode se beneficiar de um eventual acordo de livre comércio entre o Mercosul e a União Europeia, desde que não haja entraves por parte da União Europeia às exportações de carne bovina brasileira.

IBC-Br acumula segunda queda mensal seguida
16/12/2025
O Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) registrou queda de 0,25% em outubro na comparação com setembro. Considerado uma prévia do Produto Interno Bruto (PIB), o indicador veio abaixo das estimativas do mercado, que apontava crescimento de 0,2% no mês. Na comparação com outubro de 2024 a economia brasileira cresceu 0,38%. No acumulado de janeiro a outubro, a alta foi de 2,41%, enquanto o crescimento em 12 meses alcançou 2,52% Em outubro, a agropecuária foi o destaque positivo, com crescimento de 3,07% frente a setembro. Em contraste, os demais setores registraram queda: a indústria recuou 0,74%, e serviços caiu 0,23%. Os impostos apresentaram retração de 0,39% e o indicador ex-agropecuária diminuiu 0,31%. O resultado agregado negativo do mês reflete o peso maior da indústria e dos serviços, que não foi compensado pelo bom desempenho do setor agropecuário. Enquanto isso, os dados oficiais do PIB divulgados pelo IBGE mostraram um crescimento de apenas 0,1% no terceiro trimestre. O Boletim Focus indica um crescimento de 2,25% do PIB em 2025, um ritmo menor do que o registrado em 2024, sinalizando uma economia mais fraca, ainda pressionada por juros elevados e incertezas fiscais. Os dados do IBC-Br evidenciam a desaceleração econômica do segundo semestre e, mais fortemente, do último trimestre deste ano. A indústria tem apresentado as maiores retrações na economia. O setor de serviços, que tem puxado a economia nos últimos anos, também deu sinais de desaquecimento nos dados de outubro. A agropecuária, apesar de ter um bom desempenho, tem pouco impacto no cálculo do PIB.

Semana Econômica - 15/12/2025
15/12/2025
Informações importantes, toda segunda-feira, trazendo a semana em indicadores e movimentações da economia e do mercado. Não deixe de escutar e mantenha-se informado.



Ecio Costa - Economia e Negócios